A ecologia marxista na China

Da ecologia de Marx à teoria da ecocivilização socialista

 

Chen Yiwen (*)

 

Face aos urgentes desafios ambientais globais, a ecologia marxista emergiu como um pilar fundamental na análise da esquerda global. Representa um exame crítico da crise ambiental moderna. A comunidade académica chinesa tem estado envolvida na investigação ecológica marxista desde a década de 1980, com base nos estudos tradicionais sobre o marxismo e na história da modernização socialista. Isto difere da trajetória da ecologia marxista no Ocidente, que passou por diferentes fases, desde a negação ou complementação da ecologia de Marx até à redescoberta e desenvolvimento da mesma (1). Os estudiosos chineses têm destacado desde o início a interpretação das perspetivas ecológicas de Karl Marx e Friedrich Engels. Referiram-se proativamente a vislumbres ocidentais do ecomarxismo/ecossocialismo, com o objetivo de formular uma teoria de civilização ecológica socialista (ecocivilização) com características distintamente chinesas. Este artigo discute alguns dos diversos paradigmas de investigação e o seu curso de desenvolvimento dentro da ecologia marxista chinesa, ao mesmo tempo que destaca as realizações e os desafios enfrentados pela ecologia marxista na China.

 

A interpretação do pensamento ecológico de Marx e Engels

 

A interpretação do pensamento ecológico de Marx e Engels não passa apenas por elucidar as suas perspetivas ecológicas, mas também por aplicar as suas teorias para analisar o contexto histórico contemporâneo. A investigação sobre o pensamento ecológico de Marx e Engels na China é caracterizada predominantemente por um foco na filosofia e na economia. Os académicos de economia visam desenvolver uma economia ambiental socialista baseada em escritos marxistas clássicos e infundida com características distintamente chinesas. Por exemplo, em 1981, Huang Shunji e Liu Jiongzhong aprofundaram a noção de desenvolvimento coordenado da humanidade e da natureza apresentada em O Capital (2). Em 1983, Xu Dixin argumentou que Marx já tinha iniciado tópicos como o equilíbrio ecológico e o metabolismo entre a humanidade e a natureza, fornecendo uma base teórica para a economia ecológica (3). Os estudiosos chineses concordam generalizadamente em que as forças produtivas organizadas para a maximização do lucro, sob o capitalismo, entram inerentemente em conflito com os imperativos da conservação ambiental. No entanto, a vantagem na conservação ambiental oferecida pelo socialismo necessita de ser explorada através da organização social da produção e da gestão científica dos recursos naturais. No campo da filosofia, os estudiosos chineses têm-se debruçado sobre a visão marxista da natureza e as suas implicações ecológicas. Por exemplo, por volta do ano 2000, Huan Qingzhi e Xie Baojun publicaram trabalhos interpretando as visões de Marx e Engels sobre a natureza a partir da perspetiva da filosofia ecológica (4). Tiveram como objetivo demonstrar que a visão marxista da natureza é prática, dialética e historicamente materialista, que examina as questões ambientais através das lentes da história humana e da classe social. Incorpora um pensamento “vermelho-verde” que integra a libertação ambiental com a social, defendendo o desenvolvimento sustentável com um enfoque humanista.

 

Outra característica notável da investigação chinesa sobre o pensamento ecológico de Marx e Engels é o seu foco na interpretação das proposições fundamentais e do sistema teórico das suas ideias ecológicas. Em relação às proposições fundamentais, os estudiosos chineses centram-se sobretudo na afirmação de que “a lógica do capital é a causa-raiz da crise ecológica”. Os seus argumentos, em termos desta proposição, giram geralmente em torno de dois aspetos.

 

O primeiro aspeto explora a oposição entre capital e ecologia, discutindo os principais princípios da lógica do capital (5). Uma abordagem representativa passa por categorizar mais detalhadamente a lógica do capital, distinguindo o “princípio da utilização” e o “princípio da valorização”. O primeiro princípio afirma que a produção baseada no capital procura continuamente explorar a utilidade da natureza, destacando como o capital percebe a natureza meramente como uma ferramenta de produção e como reduz o seu valor de uso a mero valor de troca, através de transações monetárias. Consequentemente, este processo acelera a mercantilização e a capitalização da natureza, enquanto o “princípio da valorização” enfatiza a procura perpétua do capital pela maximização do lucro. Devido a este princípio, a produção capitalista apresenta uma tendência para a expansão indefinida, o que entra em conflito inerente com a finitude do ecossistema natural.

 

A segunda linha de pensamento investiga os riscos ecológicos impostos pela lógica do capital dentro dos domínios da produção e do consumo (6). Em primeiro lugar, a lógica do capital, uma forma de razão económica que prioriza o lucro, recebe a maior ênfase. Aqui, o capital é acumulado através de uma expansão da produção que é vista como perpétua. Esta mera procura do lucro desconsidera a ordem do metabolismo natural da Terra e a sustentabilidade ecológica. Além disso, a natureza lucrativa do capital leva muitas vezes os agentes a não terem uma visão de longo prazo para a proteção ambiental. Em segundo lugar, a visão utilitarista da riqueza e o modo de vida consumista promovidos pela lógica do capital reduzem a natureza a uma mera utilidade dentro do processo geral de acumulação de capital. As necessidades, dentro da lógica do capital, são satisfeitas exclusivamente pelo consumo de bens, agravando e justificando a destruição ecológica. Por fim, o capital promove a globalização do investimento e do comércio, fazendo uso da sua hegemonia económica e política para explorar recursos e transferir crises para todo o mundo, exacerbando a rutura metabólica global. No entanto, os estudiosos chineses defendem que uma crítica ecológica da lógica do capital não procura simplesmente negar o capital por completo. Em vez disso, defendem uma abordagem mais dialética para discutir as funções do capital e para regulá-lo cientificamente, fazendo assim com que a lógica do capital sirva os objetivos da emancipação humana e da sustentabilidade ecológica (7).

 

Em termos de construção de um sistema teórico, os estudiosos chineses propõem sobretudo três linhas de pensamento. A primeira linha de pensamento centra-se na economia ecológica (8). No cerne desta abordagem está o conceito de “emergência endógena do ambiente ecológico”, que reconhece que o ambiente ecológico existe não apenas como uma condição externa para a sobrevivência humana e o desenvolvimento social, mas também como uma condição interna das atividades de produção material humana, constituindo a base essencial para o desenvolvimento social e económico. Esta perspetiva promove uma compreensão unificada da relação ecológica entre a humanidade e a natureza, bem como das relações socioeconómicas entre os indivíduos. Propõe uma lei geral de desenvolvimento ecológico e económico coordenado e sustentável. Dentro desta estrutura, a ecologia marxista abrange vários aspetos, incluindo a teoria do valor ecológico, que enfatiza a unidade da provisão da natureza para as necessidades humanas (valor extrínseco) e a dependência do ser humano em relação à natureza (valor intrínseco).

 

A estrutura crítica geral inclui: (1) a teoria da unidade dual dos elementos ecológicos naturais e dos elementos socioeconómicos; (2) a teoria do metabolismo com foco na interligação entre as leis históricas da relação ecológica natural e a dinâmica socioeconómica; (3) a teoria da produção abrangente, enfatizando a compatibilidade entre a produção socioeconómica e a proteção ambiental; (4) a teoria das forças produtivas generalizadas, enfatizando a unidade das forças produtivas económicas e das forças produtivas naturais; (5) a teoria dos ciclos materiais, enfatizando a interligação entre os ciclos socioeconómicos e os ciclos ecológicos naturais; (6) a teoria do desenvolvimento sustentável, defendendo a integração do desenvolvimento socioeconómico com o desenvolvimento ambientalmente sustentável; e (7) a teoria de uma civilização abrangente que defende o desenvolvimento coordenado das civilizações materiais, políticas, ético-culturais e ecológicas.

 

A segunda linha de pensamento aprofunda a “negação da negação” relativa à unidade, alienação e reconciliação da humanidade e da natureza (9). Esta perspetiva delineia a ecologia marxista em três elementos distintos: (1) a visão da natureza humanizada, enfatizando a unidade da humanidade e da natureza; (2) a crítica do capitalismo centrada na alienação entre a humanidade e a natureza; e (3) a perspetiva da revolução comunista, destacando a reconciliação entre a humanidade e a natureza. No que diz respeito ao primeiro destes elementos, a visão marxista da natureza humanizada percebe a natureza como um produto moldado pela prática humana, visualizando assim a humanidade, a natureza e a sociedade como uma unidade coesa. No entanto, o modo de produção social determina a estrutura específica e a trajetória histórica da humanização da natureza. Em relação ao segundo elemento, na sociedade moderna, a lógica do capital transforma a produção social na expropriação do trabalho e dos recursos naturais, levando a uma oposição entre a humanidade e a natureza. Finalmente, na perspetiva da revolução comunista marxista, a ênfase está na eliminação do domínio do capital sobre a humanidade e a natureza, visando resolver as contradições e os conflitos entre elas.

 

A terceira linha de pensamento coloca a práxis no seu cerne. (10). Juntamente com as atividades práticas humanas, forma-se uma estrutura fundamental que abrange as interações entre a humanidade e a natureza, entre a humanidade e a sociedade e entre os seres humanos, juntamente com uma estrutura que incorpora as forças produtivas, as relações de produção e a base e a superestrutura económicas. Portanto, a ecologia marxista abrange a visão ecológica da natureza, que enfatiza a reverência pelas leis da natureza; a visão ecológica da sociedade, que visa a coexistência harmoniosa da sociedade e do ambiente; a abordagem ecológica do desenvolvimento, que se dedica a satisfazer as necessidades ecológicas da humanidade e a alcançar um desenvolvimento livre e abrangente; a visão ecológica da economia, que promove o desenvolvimento coordenado e sustentável dos interesses ecológicos e económicos; a visão ecológica da política, que prioriza a justiça ambiental e o papel principal do proletariado na transformação; e a perspetiva ecológica da cultura, que visa desenvolver a racionalidade ecológica e regular a racionalidade científico-técnica.

 

Como se pode ver acima, a comunidade académica chinesa desenvolveu uma compreensão profunda do pensamento ecológico de Marx e Engels. Com base nisso, os académicos chineses propuseram perspetivas mais completas sobre a ecologia e um sistema teórico mais robusto de ecologia marxista, tornando a ecologia marxista mais compatível com as realidades contemporâneas.

 

Reflexões sobre o ecomarxismo

 

Desde a Reforma e Abertura, a China tem prestado uma atenção ativa às tendências teóricas estrangeiras. Neste contexto, o estudo do ecomarxismo ocidental tornou-se gradualmente um aspeto importante da investigação ecológica marxista na China (11). Desde a introdução do ecomarxismo, os académicos chineses têm alimentado um sentido de reflexão crítica, reconhecendo que o ecomarxismo tem origem predominantemente nas sociedades ocidentais e está imbuído de uma forte perspetiva subjetiva ocidental. Esta consciencialização levou os académicos chineses a ter em conta o contexto específico da China ao aprofundarem as teorias do ecomarxismo.

 

A publicação da edição chinesa de Western Marxism: An Introduction (Marxismo Ocidental: Uma Introdução), de Ben Agger, em 1991, suscitou um amplo interesse pela divulgação e estudo do ecomarxismo na China. As primeiras pesquisas chinesas sobre o ecomarxismo basearam-se sobretudo nas obras de Agger e William Leiss, autor de The Domination of Nature (A Dominação da Natureza) (12). No entanto, durante o final do século XX, o estudo do ecomarxismo manteve-se na sua fase embrionária. Tratou-se predominantemente de uma recensão e introdução, com foco na introdução, comparação e avaliação das perspetivas teóricas gerais do ecomarxismo. A pesquisa nesta fase não foi abrangente nem aprofundada.

 

No século XXI, especialmente após o estabelecimento dos Estudos sobre o Marxismo no Estrangeiro, como uma especialização dentro da disciplina secundária da Teoria Marxista na China, a partir de 2005, a investigação sobre o ecomarxismo na China iniciou uma nova fase. Este período testemunhou uma exploração abrangente do ecomarxismo, marcada por investigações específicas sobre as suas principais figuras representativas, a sua evolução histórica e os seus conceitos centrais. Um marco importante ocorreu por volta de 2008, quando foram publicados uma série de trabalhos académicos intitulados “Eco-Marxismo/Marxismo Ecológico”. Os investigadores abordaram o estudo do ecomarxismo principalmente sob três perspetivas.

 

A primeira resume os pontos de vista teóricos e a trajetória de desenvolvimento do ecomarxismo, com base em cronogramas e figuras representativas. Por exemplo, Uma Introdução ao Marxismo Ecológico, de 2007, comparou principalmente as teorias de Agger, James O’Connor, Joel Kovel e John Bellamy Foster e delineou a evolução do ecomarxismo como uma viagem do ecomarxismo ao ecossocialismo e de volta à ecologia marxista (13).

 

A segunda perspetiva examina os pontos de vista de alguns representantes individuais do ecomarxismo através da interpretação de textos. Por exemplo, Crítica Ecológica: Um Estudo do Marxismo Ecológico de Foster, publicado em 2008, analisou o marxismo ecológico de Foster através da interpretação textual e da observação da história das ideias (14). Como Wang Zhihe e outros argumentaram, Foster é um dos teóricos ecomarxistas a quem os académicos chineses têm prestado mais atenção (15). Publicações relacionadas com Foster após 2010 incluíram Críticas, Estruturação e Inspiração: Um Estudo das Ideias Ecomarxistas de Foster (2011), Um Estudo sobre os Pensamentos Marxistas Ecológicos de Foster (2013), Um Estudo dos Pensamentos Marxistas Ecológicos de Foster (2016), A Crítica Ecológica da Lógica do Capital: Uma Avaliação dos Pensamentos Críticos Ecológicos de Foster no Campo do Marxismo (2020), Investigação sobre o Pensamento de Foster sobre a Justiça: com Base no Campo do Ecomarxismo (2020) e Investigação sobre o Pensamento Ecológico-Marxista de Foster (2023) (16). Esta atenção especial pode ser atribuída a vários fatores. Por um lado, Foster afirma inequivocamente a ecologia marxista e fornece argumentos detalhados, alinhando de perto com as tendências predominantes na academia marxista chinesa. Por outro lado, Foster avança continuamente na sua própria investigação teórica e aprofunda a sua crítica ecológica do capitalismo em resposta a questões contemporâneas como o Antropoceno e o decrescimento, abordagens que são representativas do ecomarxismo moderno.

 

A terceira perspetiva é estudar a estrutura teórica do marxismo ecológico resumindo as suas questões centrais. Por exemplo, o livro Crítica Ecológica e Utopia Verde: Um Estudo da Teoria do Marxismo Ecológico, publicado em 2009, resume cinco aspetos teóricos do marxismo ecológico: as implicações ecológicas do materialismo histórico, a crítica ao sistema capitalista, a crítica ao uso da tecnologia capitalista, a crítica aos valores consumistas e as estratégias políticas ecológicas (17). Considera o marxismo ecológico como uma crítica ao capitalismo que se baseia no materialismo histórico e se centra na relação entre a humanidade e a natureza. Estes estudos temáticos contribuíram para uma compreensão mais abrangente e aprofundada do ecomarxismo na China. Entretanto, nesta fase, os académicos chineses não aplicaram o ecomarxismo de forma eficaz para analisar as questões ambientais específicas da China.

 

Depois de 2015, a investigação sobre o ecomarxismo na China passou proativamente da transferência de conhecimento para o fornecimento de recursos ideológicos para analisar os desafios ambientais da China. Esta mudança foi particularmente notória nas três áreas principais seguintes.

 

Em primeiro lugar, os académicos aprofundaram o ecomarxismo com um foco específico nos aspetos fundamentais do progresso da China na civilização ecológica, procurando fontes de inspiração. Por exemplo, Chen Xueming articulou que a essência teórica do ecomarxismo reside na observação das contradições entre as pessoas e na observação das contradições entre a humanidade e a natureza. Na opinião de Chen, o ecomarxismo enfatiza a importância das atividades produtivas para tornar as pessoas felizes; sublinha também a crítica ao capitalismo como estratégia fundamental para abordar os problemas ambientais. Consequentemente, o progresso da civilização ecológica na China é visto como condicionado a uma perspetiva de valores centrada no ser humano, incorporando uma forma de modernização baseada na coexistência harmoniosa da humanidade e da natureza e num caminho de desenvolvimento socialista (18).

 

Em segundo lugar, os estudiosos aplicaram os princípios básicos do ecomarxismo ao contexto das nações chegadas tardiamente ao desenvolvimento, produzindo uma teoria da civilização ecológica enraizada no materialismo histórico. Por exemplo, Wang Yuchen defendeu que a abordagem da China ao progresso da civilização ecológica deveria implicar um exame dialético da interação entre o crescimento económico, o avanço tecnológico e a proteção ambiental. Esta perspetiva sublinha o potencial transformador da civilização ecológica como alternativa ao capitalismo, defendendo assim o desenvolvimento de uma teoria que esteja alinhada com os objetivos da modernização socialista (19).

 

Em terceiro lugar, os académicos propuseram integrar os progressos da China na civilização ecológica no discurso global da esquerda verde. Por exemplo, Huan Qingzhi defendeu que, por detrás das medidas práticas de governação ambiental e de desenvolvimento económico verde, o progresso da China na civilização ecológica incorpora uma profunda ideologia política e uma compreensão das transformações socioecológicas. Tem como objetivo promover a integração e o reforço mútuo entre as políticas socialistas e os valores conducentes à sustentabilidade ecológica, constituindo assim um aspeto importante da iniciativa global da esquerda verde (20).

 

Portanto, através de uma investigação contínua sobre o ecomarxismo, a comunidade académica chinesa embarcou no desenvolvimento do seu próprio ecomarxismo distinto. Esta abordagem emprega o ecomarxismo como recurso teórico para analisar o capitalismo contemporâneo e as crises ecológicas, ao mesmo tempo que toma medidas proativas para interpretar a busca socialista do progresso da China no caminho da civilização ecológica, dentro do contexto global. Embora esta interpretação se incline para perspetivas normativas, sublinha a consciência subjetiva em evolução dentro da ecologia marxista chinesa, que se caracteriza por um desejo de abordar os desafios contemporâneos e contar as histórias próprias da China utilizando teorias indígenas e o seu próprio vernáculo.

 

A construção da teoria da ecocivilização socialista

 

A teoria da civilização ecológica socialista destaca-se como um produto distinto da ecologia marxista chinesa. Embora se baseie frequentemente nos vislumbres ecológicos de Marx e Engels e se apoie nos frutos teóricos do ecomarxismo, o foco principal da teoria é o progresso da ecocivilização socialista da China e a interpretação das implicações teóricas dessa ecocivilização socialista e dos seus fundamentos marxistas. Esta abordagem sublinha a necessidade e a superioridade dos princípios, sistemas e ideologias socialistas para abordar eficazmente os desafios ambientais, ao mesmo tempo que descreve as condições históricas necessárias para concretizar estas vantagens. Este esforço contribui para o desenvolvimento de uma teoria chinesa distinta de transformação socioecológica “vermelho-verde”. Isto refere-se principalmente à investigação conduzida pelo Grupo de Investigação sobre a Ecocivilização Socialista na China, que foi criado conjuntamente, em 2015, pela Universidade de Pequim e pelo Gabinete de Pequim da Fundação Rosa Luxemburgo (21).

 

A promoção e implementação do conceito de civilização ecológica são amplamente atribuídas à interação entre o desenvolvimento político-estratégico e a investigação académica da China. Na perspetiva do governo chinês, a ideia de “civilização ecológica” foi oficialmente apresentada durante o XVII Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCC), em 2007. Desde então, a civilização ecológica tornou-se gradualmente uma componente-chave da ideologia política e da estratégia de governação do partido. Em termos do processo de investigação académica, os académicos chineses começaram a desenvolver teorias de ecocivilização socialista já na década de 1980. Por exemplo, em 1986, o agrónomo chinês Ye Qianji propôs o conceito de “civilização ecológica”, significando que “os seres humanos beneficiam da natureza e retribuem benefícios à natureza. Transformam a natureza e protegem-na. Devem manter uma relação harmoniosa e unificada” (22).

 

Em 1988, o economista chinês Liu Sihua introduziu o conceito de “civilização ecológica socialista”. Afirmou que “a civilização moderna do socialismo é uma unidade de alto nível de civilização material socialista, civilização espiritual e civilização ecológica” (23). Na sua opinião, o desenvolvimento coordenado da economia, da sociedade e da ecologia natural é (ou deveria ser) a principal diferença entre a modernização socialista e a modernização capitalista.

 

O valor inovador destes estudos feitos por académicos chineses no século passado reside nos seguintes aspetos. Em primeiro lugar, estes estudiosos propuseram que o conceito de civilização ecológica fosse desenvolvido com o objetivo de atender às necessidades do desenvolvimento integral das pessoas, enfatizando que a civilização ecológica incorpora a plena realização dos valores socialistas, tendo as pessoas como prioridade. Em segundo lugar, discutiram a civilização ecológica dentro do contexto da modernização socialista da China, destacando o seu papel fundamental na formação da relação entre a humanidade e a natureza dentro da estrutura socialista. Em terceiro lugar, elaboraram sobre a civilização ecológica no contexto das interações entre a civilização material e a civilização espiritual. Ao mesmo tempo, salientaram que a era da civilização ecológica marca o alvorecer da verdadeira civilização.

 

Ao entrar no século XXI, a comunidade académica chinesa iniciou uma exploração mais profunda dos conceitos fundamentais da ecocivilização socialista a partir de uma perspetiva teórica. Uma consideração primordial é a compreensão teórica da ecocivilização socialista. Há duas interpretações predominantes. Uma delas traça a progressão da “civilização primitiva, civilização agrícola, civilização industrial e civilização ecológica”, vendo a civilização ecológica como um novo estágio na evolução da civilização para além da civilização industrial (24). A outra visão liga o ecológico à sequência da “civilização material, civilização política, civilização espiritual, civilização social e civilização ecológica” que compõem a civilização humana no seu todo (25). No entanto, estas interpretações não integram totalmente o socialismo com a civilização ecológica. De acordo com a teoria da ecocivilização socialista, esta abrange uma visão de civilização socialista e de um modo de desenvolvimento que integra a sustentabilidade ecológica e os princípios da justiça social. Esta abordagem visa intrinsecamente construir uma nova civilização humana através da reconstrução socialista das relações sociais, juntamente com uma transformação ecológica fundamental dos métodos de produção existentes na humanidade. O objetivo final é a realização do comunismo, que implica a libertação da humanidade e da natureza (26). O modificador “socialista” indica um método socialista de pensamento em resposta aos problemas ambientais. Enfatiza também a adesão à orientação teórica marxista, aos caminhos de desenvolvimento socialista e à estrutura institucional da propriedade pública dos recursos naturais (27).

 

Uma segunda consideração é o sistema de valores da ecocivilização socialista. A comunidade académica chinesa debate, há muito, o antropocentrismo versus não antropocentrismo, com a tendência predominante a mudar da crítica ao antropocentrismo para a reformulação do antropocentrismo. A teoria da ecocivilização socialista defende explicitamente o humanismo, visando satisfazer as necessidades das pessoas por um ambiente ecológico saudável e produtos ecológicos de alta qualidade de uma forma mais abrangente e equitativa. Esta abordagem está em linha com a busca do marxismo pelo desenvolvimento livre e holístico da humanidade (28). De acordo com este sistema de valores, o progresso da ecocivilização socialista deve priorizar a justiça socioecológica. Isto implica não só o acesso igualitário aos direitos ambientais e a distribuição equitativa das responsabilidades ambientais a nível social, mas também promover o respeito e o cuidado pela natureza a nível ecológico.

 

Uma terceira consideração é a estratégia prática da ecocivilização socialista. A comunidade académica chinesa chegou a um consenso sobre a defesa do princípio da “harmonia entre a humanidade e a natureza” para promover uma transformação abrangente e verde da economia e da sociedade. Isto implica promover a governação da modernização ambiental e fomentar uma economia verde, a par do progresso das reformas socialistas. Com base nesta premissa, uma preocupação fundamental entre os académicos chineses é a forma de integrar a conservação ecológica como um elemento intrínseco e um aspeto essencial da modernização socialista (29). Uma questão é saber se - e até que ponto - várias iniciativas de transformação verde podem contribuir para o desenvolvimento e otimização do modelo socialista. Em resposta, a teoria da ecocivilização socialista sublinha que os esforços contemporâneos de conservação ecológica não devem ser impulsionados pelo capital privado e por mecanismos de mercado. Em vez disso, defende ações sociais coletivas orientadas pelos princípios fundamentais de um sistema e de uma organização política socialista. Neste processo, a participação pública institucionalizada e contínua e a partilha dos recursos naturais servem de base económica e são fundamentais para garantir a natureza socialista da conservação ecológica (30).

 

Em 2012, o XVIII Congresso Nacional do Partido Comunista da China desenvolveu um discurso político sobre a civilização ecológica, resumido como “Pensamento de Xi Jinping sobre a Ecocivilização”. Para fornecer a este discurso político maiores fundamentos científicos e teóricos, a comunidade académica chinesa iniciou uma exploração sistemática das teorias da ecocivilização socialista e propôs uma série de novos conceitos (31).

 

Os conceitos centrais mais significativos são “uma comunidade de vida” e a “modernização da harmonia entre a humanidade e a natureza”. Estes dois conceitos constituem, respetivamente, a base filosófica e o princípio prático da teoria da ecocivilização socialista. “Uma comunidade de vida” pode ser elaborada em três dimensões: a “comunidade de vida nas montanhas, águas, terras agrícolas, lagos e pastagens”; a “comunidade de vida para a humanidade e para a natureza”; e a “comunidade de toda a vida na Terra”. A primeira dimensão refere-se à integridade do ecossistema e às interações próximas entre os seus vários componentes. Isto significa que as atividades humanas devem basear-se na perceção da natureza como um todo organizado ou um organismo vivo. A segunda dimensão visa desafiar a dicotomia entre humanidade e natureza predominante no pensamento filosófico moderno e enfatizar a sua interrelação e relação simbiótica. Isto realça a necessidade de os humanos se adaptarem às leis da natureza e aceitarem as restrições do ecossistema. A terceira dimensão, a “comunidade de toda a vida na Terra”, é outra expressão da “comunidade com um futuro partilhado para a humanidade” no domínio do ambiente. Sublinha que nenhuma nação ou região, independentemente do seu poder económico ou político, pode determinar o seu próprio destino unilateralmente, muito menos o de todo o planeta. Embora enfatizem diferentes aspetos, o cerne destes três conceitos sublinha a necessidade de a humanidade coexistir harmoniosamente com a natureza.

 

“A modernização da harmonia entre a humanidade e a natureza” é uma abordagem prática que visa salvaguardar a comunidade da vida no âmbito da modernização, nomeadamente, alcançar a coexistência harmoniosa entre a humanidade e a natureza através de uma nova forma de modernização. É essencial diferenciar este conceito dentro da teoria da ecocivilização socialista da noção de “modernização ecológica” que surgiu na Europa em meados para finais da década de 1980. A modernização ecológica, predominante nas nações capitalistas desenvolvidas, procura melhorar gradualmente a qualidade ambiental através de melhorias económicas e tecnológicas e ajustes na administração pública (incluindo a crescente aplicação de instrumentos de mercado), muitas vezes sem desafiar os princípios fundamentais do capitalismo. Em contraste, a modernização da coexistência harmoniosa entre a humanidade e a natureza, sustentada pelos princípios básicos do socialismo e liderada por um partido governante marxista, é capaz de resistir à submissão aos interesses capitalistas e enfatiza o planeamento estratégico a longo prazo e as práticas progressistas. Ao mesmo tempo que se baseia em determinadas estratégias aplicadas por outros países à modernização ecológica, como o comércio de emissões de carbono, a modernização da harmonia entre a humanidade e a natureza garante que todas estas medidas se mantêm alinhadas com os princípios socialistas. As abordagens à modernização ecológica são vistas em termos dos seus respetivos modelos de desenvolvimento e dos contextos sociais em que operam.

 

Uma das proposições fundamentais - talvez a mais crucial - está resumida na frase: “águas límpidas e montanhas verdejantes são bens inestimáveis”. A declaração completa desta proposição foi feita por Xi em 2013, afirmando: “Queremos não só montanhas de ouro, mas também montanhas verdes. Se tivermos de escolher entre as duas, preferiremos as verdes às douradas. E, em qualquer caso, as montanhas verdes são, elas próprias, montanhas de ouro” (32). A comunidade académica chinesa realizou pesquisas teóricas sobre esta passagem e considerou-a uma das declarações mais representativas da teoria da ecocivilização socialista. Como a ideia subjacente não é obscura e pode ser facilmente disseminada entre as autoridades governamentais e o público, exerce maiores efeitos práticos. Na teoria da ecocivilização socialista, a proposição de que “águas límpidas e montanhas verdejantes são bens inestimáveis” inclui três pontos de vista fundamentais. Em primeiro lugar, a proposição defende o princípio da primazia ecológica na coexistência harmoniosa da humanidade e da natureza. Este princípio determina que as atividades humanas não devem exceder os limites dos recursos naturais e do ambiente. Em vez disso, os seres humanos devem deixar espaço e tempo suficientes para restaurar a natureza, pois qualquer dano infligido à natureza acaba por ter repercussões nos próprios seres humanos. Em segundo lugar, adota uma perspetiva dialética sobre a relação entre desenvolvimento económico e proteção ambiental. Ela defende uma relação saudável em que o desenvolvimento económico e a proteção ambiental se reforçam mutuamente. Esta relação requer modelos de desenvolvimento inovadores e sistemas económicos e políticos correspondentes. Isto é particularmente crucial para a China contemporânea, que se encontra nas fases intermédia e final do processo de modernização. O terceiro ponto de vista enfatiza a procura de uma transformação científica e racional da riqueza natural em prosperidade económica e social. Reconhece que um bom ambiente ecológico é um bem coletivo da humanidade e deve ser protegido e aproveitado para a melhoria da vida das pessoas em condições apropriadas. O fundamental é identificar um caminho científico para a transformação que esteja alinhado com os princípios da natureza e da economia. Assim sendo, a essência da implementação da filosofia de que “águas límpidas e montanhas verdejantes são bens inestimáveis” reside na transformação ecológica do modelo de produção e dos estilos de vida, de modo a promover um caminho de modernização caracterizado pela primazia ecológica, pelo desenvolvimento verde e pelos benefícios para o bem-estar das pessoas, impulsionando-nos assim para um futuro caracterizado pela ecocivilização socialista.

 

Portanto, à medida que o governo chinês continua a desenvolver a conservação ecológica em todas as frentes, a discussão teórica sobre a teoria e a prática da ecocivilização socialista dentro da comunidade académica chinesa emergiu como uma componente significativa no aprofundamento da investigação ecológica marxista. Isto permite que os princípios gerais da ecologia marxista sejam especificados dentro das realidades sociais e históricas da China, levando ao desenvolvimento de novos discursos teóricos, destacando assim a postura independente da comunidade académica através da sua escolha de temas de investigação. Este aprofundamento significa também que os académicos chineses se tornaram mais proativos na utilização dos seus discursos e conceitos teóricos únicos para abordar os seus próprios desafios (e também os globais), marcando um passo crucial para que a humanidade una forças no enfrentamento das crises ecológicas.

 

Conclusão

 

Um exame da trajetória dos estudos de ecologia marxista na China desde a década de 1980 revela que a ecologia marxista se tornou uma área de estudo vibrante e prolífica no meio académico chinês contemporâneo. Esta pesquisa produziu frutos significativos em três frentes principais: 1) interpretações das perspetivas ecológicas de Marx e Engels, 2) interpretações dos fundamentos teóricos do ecomarxismo e 3) explorações da teoria da ecocivilização socialista. Notavelmente, a exploração da teoria da ecocivilização socialista foi bastante aprofundada nos últimos anos, passando da investigação sobre a teoria fundamental da civilização ecológica para a análise teórica da conservação ecológica da China e a formulação de estruturas de discurso. Ao mesmo tempo, a investigação sobre o marxismo clássico e o ecomarxismo forneceu fundamentos teóricos e estruturas metodológicas para os estudos da teoria da ecocivilização socialista. Esta pesquisa demonstra também que estes três domínios não são independentes. Em vez disso, mostram trajetórias inter-relacionadas e progressivas. De facto, a ecologia marxista na China sempre foi uma resposta teórica para abordar questões que ocorrem na viagem da China em direção à modernização socialista e aos seus desafios ambientais. No início do século XXI, a investigação sobre a ecologia marxista centrou-se principalmente na exploração dos textos marxistas clássicos e das fronteiras académicas globais. Entretanto, a evolução contínua do progresso da China em direção à civilização ecológica trouxe uma mudança nos estudos ecológicos marxistas. Esta mudança implica uma transição de um estádio centrado na compreensão das filosofias ecológicas de Marx e Engels e na exploração do ecomarxismo para uma nova fase, dominada pelo paradigma da “sinização do marxismo”.

 

O cenário contemporâneo da ecologia marxista na China representa uma transformação histórica significativa provocada tanto pelos avanços teóricos como pelas aplicações práticas. Ao longo de quatro décadas, os académicos chineses acumularam uma riqueza de conhecimentos intelectuais e de metodologias para os estudos sobre o marxismo. Por exemplo, a comunidade académica na China tem estado envolvida em discussões aprofundadas sobre a relação entre o estudo dos textos clássicos na investigação marxista e as questões do mundo real (33). Salientam que os conceitos de “regresso ao marxismo” e “desenvolvimento do marxismo” devem ser interdependentes e perfeitamente integrados. É essencial priorizar a realidade e avançar continuamente nas inovações teóricas e metodológicas. Esta abordagem visa facilitar a transição da ecologia marxista de conceitos abstratos e da construção de princípios universais para uma pesquisa independente sobre as realidades da sociedade chinesa e a sua lógica prática. Além disso, os esforços da China na conservação ecológica representam uma prática histórica significativa dentro de uma estrutura socialista, oferecendo oportunidades reais e um espaço inovador para o desenvolvimento da ecologia marxista chinesa. Em particular, levanta uma série de questões teóricas a estudar (34). Por exemplo, que esforços contribuíram para o sucesso dos empreendimentos de conservação ecológica da China? Qual o papel do sistema socialista nestas conquistas? Como podemos integrar eficazmente o marxismo/socialismo com os estudos ecológicos? Isto implica que a ecologia marxista contemporânea na China não só precisa de substanciar cientificamente as crises ecológicas prevalentes nas sociedades capitalistas e a necessária reconciliação entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza na sociedade comunista ideal, mas também elucidar como o progresso da civilização ecológica no estádio primário do socialismo pode alcançar a transcendência histórica do capitalismo e do capitalismo verde e realizar a "transformação vermelho-verde" nos estádios intermédio e avançado do socialismo.

 

Atualmente, a investigação sobre a ecologia marxista chinesa ainda necessita de fornecer respostas teóricas totalmente convincentes às questões acima referidas e, no processo, existem inúmeros desafios e limitações em termos de perspetivas e metodologias de investigação. O mais importante entre estes desafios são as restrições impostas pelos limites disciplinares. Dentro da estrutura disciplinar estabelecida da teoria marxista na China, as teorias ecológicas de Marx e Engels, o marxismo ecológico e a teoria da ecocivilização socialista são categorizadas em subdisciplinas distintas; nomeadamente, Princípios Fundamentais do Marxismo, Estudos sobre o Marxismo no Estrangeiro e Marxismo no Contexto Chinês, respetivamente. Isto restringe a compreensão holística e a investigação abrangente da ecologia marxista e dificulta a interação sinergética entre os textos marxistas clássicos, as fronteiras académicas globais e os estudos teóricos indígenas chineses.

 

O segundo problema reside na excessiva dependência dos métodos de interpretação textual. Devido à falta de compreensão e de aplicação do conhecimento e das metodologias das ciências sociais e humanas ambientais mais amplas, a atual investigação ecológica marxista chinesa limita-se frequentemente à generalização ou mesmo à repetição das ideias de Marx, Engels e de académicos ecomarxistas, bem como de documentos governamentais sobre políticas de conservação ecológica. Como resultado, é difícil realizar uma análise rigorosa da razoabilidade lógica e da aplicabilidade prática das teorias e políticas existentes, e ainda mais desafiante desenvolver vislumbres e metodologias cognitivas originais.

 

O terceiro desafio decorre das alterações ambientais no mundo real. À medida que a China lida com o agravamento das condições ambientais internacionais, garantir a segurança ideológica e reforçar a independência dos sistemas de conhecimento tornaram-se preocupações importantes na investigação académica da China. Neste contexto, os académicos chineses devem pensar cuidadosamente sobre como equilibrar a relação entre a investigação teórica geral com o valor das reflexões críticas e como transformar a interpretação do discurso político na criação do discurso académico. Abordar estas complexidades exige coragem e sabedoria da parte dos investigadores contemporâneos de ecologia marxista chinesa, que procuram desenvolver ideias e soluções originais que permitirão o progresso contínuo no desenvolvimento da ecocivilização socialista.

 

 

 

 

 

(*) Chen Yiwen é professora assistente na Escola de Marxismo da Universidade Tsinghua, em Pequim, República Popular da China. Este artigo foi publicado no Volume 76, N.º 5 (outubro de 2024) da revista Monthly Review. Todos os direitos reservados. A tradução é da responsabilidade de Ângelo Novo.

 

 

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NOTAS:

 

(1) John Bellamy Foster e Paul Burkett, Marx and the Earth: An Anti-Critique (Leiden: Brill, 2016), pp. 1-11.

 

(2) Huang Shunji e Liu Jiongzhong, “On the View of Nature in Das Kapital,” Journal of Hebei University (Philosophy and Social Science), n.º 4 (1981): pp. 1-9.

 

(3) Xu Dixin, “Marx and Ecological Economics: Commemorating the 100th Anniversary of Marx’s Death,” Social Science Front, n.º 3 (1983): pp. 50-58.

 

(4) Huan Qingzhi, The Discovery of the Value of the Natural Environment: A Study of the Marx-Engels View of Nature in the Modern Environment (Nanning: Guangxi People’s Press, 1994); Xie Baojun, The Eco-Philosophical Implications of Marx’s View of Nature (Harbin: Heilongjiang People’s Press, 2002).

 

(5) Chen Xueming, The Ecological Crisis and the Logic of Capital (Leiden: Brill, 2017).

 

(6) Zhang Le, A Study on the Methodology of Resolving Ecological Crisis from the Perspective of Capital Logic Domain (Beijing: China Social Science Press, 2016), pp. 55-89.

 

(7) Ren Ping, “The Logic of Capital in Ecology and the Logic of Ecology in Capital: A Critique of the Logic of Capital Innovation in the Red-Green Dialogue,” Marxism and Reality 138, n.º 5 (2015): pp. 161-66.

 

(8) Liu Sihua, Principles of Ecological Marxist Economics (Beijing: People’s Press, 2014).

 

(9) Tao Huosheng, Research on Marx’s Ecological Thought (Beijing: Study Press, 2013); Liu Xigang, From Eco-Criticism to Eco-Civilization: A Study of the Value Logic of Marxist Ecological Theory (Beijing: People’s Press, 2021).

 

(10) Sun Daojin, Studies in Marxist Environmental Philosophy (Beijing: People’s Press, 2008); Dong Qiang, Studies on the Marxist Ecological Perspective (Beijing: People’s Press, 2015); Fang Shinan, The Ecological Civilization Thought of Marx and Engels (Beijing: People’s Press, 2017).

 

(11) Zhihe Wang, Meijun Fan, Hui Dong e Dezhong Sun, “Ecological Marxism in China”, Monthly Review 63, n.º 9 (February 2012): pp. 36-44.

 

(12) Ben Agger, Western Marxism: An Introduction (Santa Monica: Goodyear Publishing, 1979); William Leiss, The Domination of Nature (Boston: Beacon Press, 1974).

 

(13) Liu Rensheng, An Introduction to Ecological Marxism (Beijing: Central Compilation and Translation Press, 2007).

 

(14) Guo Jianren, Ecological Criticism: A Study of Foster’s Ecological Marxism (Beijing: People’s Press, 2008).

 

(15) Zhihe Wang, Meijun Fan, Hui Dong e Dezhong Sun, “What Does Ecological Marxism Mean for China?: Questions and Challenges for John Bellamy Foster,” Monthly Review 64, n.º 9 (February 2013): pp. 47-53.

 

(16) Kang Ruihua, Wang Ximan e Ma Jidong, Critiques, Structuring and Inspiration: A Study of Foster’s Eco-Marxist Ideas (Beijing: China Social Science Press, 2011); Hu Ying, A Study on Foster’s Ecological Marxist Thoughts (Harbin: Heilongjiang University Press, 2013); Jia Xuejun, A Study of Foster’s Ecological Marxist Thoughts (Beijing: People’s Press, 2016); Liu Shun, The Ecological Criticism of the Logic of Capital: An Evaluation of Foster’s Ecological Critical Thoughts in the Field of Marxism (Shanghai: Shanghai People’s Press, 2020); Chen Wu, Research on Foster’s Thought on Justice: Based on the Field of Eco-Marxism (Beijing: China Social Science Press, 2020); Liu Yalan, Research on Foster’s Ecological Marxism (Beijing: Social Science Academic Press, 2023).

 

(17) Wang Yuchen, Ecological Critique and Green Utopia: A Study of Ecological Marxism Theory (Beijing: People’s Press, 2009).

 

(18) Chen, The Ecological Crisis and the Logic of Capital.

 

(19) Wang Yuchen, Ecological Marxism and Ecological Civilization Studies (Beijing: People’s Press, 2015); Wang Yuchen, Ecological Marxism and the Theoretical Study of Ecological Civilization in Latecomer Nations (Beijing: People’s Press, 2017).

 

(20) Huan Qingzhi, “Socialist Eco-Civilization as a Transformative Politics”, Capitalism Nature Socialism 32, n.º 3 (2021): pp. 65-83.

 

(21) Huan Qingzhi e Wang Congcong, Socialist Ecological Civilization: Theory and Practice (Devon: China Forestry Publishing House, 2022); Huan Qingzhi, “Socialist Eco-Civilization and Social-Ecological Transformation,” Capitalism Nature Socialism 27, n.º 2 (2016): pp. 51-66.

 

(22) Ye Qianji, Ye Qianji Anthology (Beijing: Social Science Academic Press, 2014), p. 81.

 

(23) Liu Sihua, Selected Works (Nanning: Guangxi People’s Press), p. 225.

 

(24) Lu Feng, “Agricultural Civilization, Industrial Civilization and Ecological Civilization: An Essay on the Core Ideas of Ecological Philosophy,” Theoretical Investigation 223, n.º 6 (2021): pp. 94-101.

 

(25) Zhang Yunfei, “On the Historical Position of Ecological Civilization,” Capitalism Nature Socialism 30, n.º 1 (2019): pp. 11-25.

 

(26) Pan Yue, “On Socialist Eco-Civilization,” Green Leaf, n.º 10 (2006): pp. 10-18; Chen Xueming, Ecological Civilization Theory (Chongqing: Chongqing Publishing Group, 2008); Ji Zhiqiang, Socialist Eco-Civilization: How It Is Possible (Beijing: Central Party Literature Press, 2015).

 

(27) Zhang Jian, Ecological Civilization and Socialism (Beijing: Minzu University of China Press, 2010), pp. 199-209; Cai Huajie, “The Socialist Meaning of Socialist Eco-Civilization”, Teaching and Research 423, n.º 1 (2014): pp. 95-101.

 

(28) Zhang Yunfei, “People-Oriented Value Orientation of Socialist Eco-Civilization”, Marxism and Reality 166, n.º 3 (2020): pp. 68-75.

 

(29) Zhou Yang, Study on the Ecological Civilization Progress under the Five-Sphere Integrated Plan (Beijing: China Book Press, 2019).

 

(30) Zhang Yunfei, “The Scientific Paradigm of the Socialist View of Ecological Civilization,” Studies on Marxism 244, n.º 10 (2020): pp. 45-53; Huan Qingzhi, “On Socialist Ecological Civilization Economy,” Journal of Peking University (Philosophy and Social Sciences) 325, n.º 3 (2021): 5-14; Li Qiang, “The Connotation and Path Construction of Natural Capitalization in the Construction of Socialist Ecological Civilization”, Journal of Poyang Lake 89, n.º 2 (2024): pp. 35-46.

 

(31) Zhang Yunfei, “A Primer on the Discourse System of Xi Jinping’s Thought on Eco-Civilization”, Probe 208, n.º 4 (2019): pp. 22-31; Huan Qingzhi, “The Systematic Sample, Core Concepts and Basic Propositions of Xi Jinping’s Thought on Ecological Civilization”, Academic Monthly 628, n.º9 (2021): pp. 5-16.

 

(32) Xi Jinping citado em China Media Project, “Green Waters and Green Mountains”, 16 de abril de 2021.

 

(33) Wang Dong, “The Relationship Between Thesis-Based Research and Theoretical Innovation”, Academic Monthly, n.º 1 (2003): pp. 8-11; Wu Xiaoming, On the Independent-Assertion of Chinese Academics (Shanghai: Fudan University Press, 2016).

 

(34) Wang Zhihe, He Huili e Fan Meijun, “The Ecological Civilization Debate in China”, Monthly Review 66, n.º 6 (November 2014): pp. 37-59.