O grande bluff da robotização

 

 

Michel Husson (*)

 

 

Numerosos estudos anunciam-nos que a automatização vai levar a uma grande hecatombe de empregos (1). Ao mesmo tempo, a desaceleração da produtividade inquieta os economistas oficiais e Christine Lagarde, a presidenta do FMI, até invoca uma “nova mediocridade”. Este artigo examina esta contradição.

 

Um velho refrão

 

Os discursos proféticos sobre as destruições iminentes de empregos não são de hoje. Já tivemos direito ao mesmo refrão com a “nova economia” no início do século e, antes disso, com as previsões sobre o “fim do trabalho” de Jeremy Rifkin (2), o mesmo que celebrará um pouco mais tarde “o sonho europeu” (3), do qual se sabe agora ter-se transformado em pesadelo.

 

Se recuarmos mais no tempo, temos o famoso relatório Nora-Minc sobre a “informatização da sociedade” (4), que anunciava já enormes ganhos de produtividade que nunca viriam a chegar, tal como relembrou excelentemente Jean Gaudrey (5).

 

Este tipo de previsões é o tema favorito dos gurus, que periodicamente servem novamente a mesma sopa requentada. Vinte anos depois das suas previsões futuristas, no ano 2000, Alain Minc revisitava as suas ilusões, sob a forma de autocrítica implícita: “Tal não foi, desse ponto de pista, a fantasia informática! Evidentemente, nem o surgimento dos computadores mais potentes, nem a explosão da microinformática, cumpriram esse papel salvador: desempenharam o seu papel na modernização do aparelho produtivo, mas não mudaram os principais parâmetros da economia (…) Não foi a aguardada panaceia” (6).

 

Mas Minc não desanima. Com a e-economia, desta vez é que é: “Estou convencido de que desta vez entramos num autêntico ciclo Kondratiev. Entre a informática e a multimedia (sic) existe uma diferença fundamental. Uma mudança tecnológica só induz um novo ciclo de crescimento se tiver influência simultânea sobre a oferta e a procura. Por um lado, melhorando a eficácia do aparelho produtivo ao permitir ganhos massivos de produtividade; por outro lado, fazendo nascer, ao nível do consumidor final, produtos radicalmente novos, suscetíveis de mudar os seus hábitos de consumo”.

 

A produtividade desacelera

 

Uma década e uma crise mais tarde, já nada resta destas previsões. De momento, mantém-se o paradoxo de Solow, formulado em 1987: “vêm-se computadores em todo o lado, menos nas estatísticas da produtividade” (7). A desaceleração da produtividade é de facto, hoje em dia, um fenómeno praticamente universal e que não é verdadeiramente compreendido pelos economistas. O Financial Times de 29 de maio de 2016 (8) inquieta-se com este “quebra-cabeças desconcertante”, enquanto Christine Lagarde evoca uma “nova mediocridade”. Os dois gráficos seguintes mostram o deslocamento para baixo dos ganhos de produtividade, um fenómeno quase universal que também abarca os chamados países emergentes.

 

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Os especialistas: de 1 a 5

 

O estudo de referência nesta matéria é o de Frey e Osborne (9): prevê que 47% dos empregos estão ameaçados pela automatização nos Estados Unidos. Os outros estudos são simples cópias, por exemplo, o do gabinete Roland Berger que trevê a destruição de três milhões de empregos em França, de agora até 2025 (10).

 

Outros contributos, porém, são claramente menos alarmistas. Georg Graetz e Guy Michaels (11) não encontram “efeito significativo dos robôs industriais no emprego global”. Outro especialista destes temas, David Autor, pergunta-se ironicamente “porque é que ainda há tantos empregos” (12) e introduz a distinção fundamental entre tarefas e empregos: “embora algumas das tarefas efetuadas por empregos de qualificação média estejam expostas à automatização, muitos destes empregos continuarão a mobilizar um conjunto de tarefas que compreendem o conjunto do espectro das qualificações”.

 

É na base desta distinção entre empregos e tarefas que um recente estudo da OCDE (13) chega a um número muito inferior (cinco vezes menos) das previsões mais alarmistas: “apenas 9% dos empregos estão confrontados nos E.U.A. com uma forte possibilidade de serem automatizados [‘automatibility’] em vez de 47%, segundo Frey e Osborne”. Este resultado foi obtido a partir de uma rigorosa crítica do seu método (ver enquadrado), que vale para todos os estudos que o retomam.

 

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Enquadrado

Frey e Osborne: um método questionável

 

Como é que dois economistas (embora trabalhem em Oxford) conseguem prever a evolução do emprego “sobre um certo número, indeterminado, de anos, talvez uma ou duas décadas”?

 

Eles começam por selecionar 70 postos de trabalho entre os 702 da sua base de dados. Depois dirigem-se aos “especialistas” e colocam-lhes esta questão: “As tarefas correspondentes a estes empregos poderão ser suficientemente especificadas, sob reserva de disponibilidade de big data, para serem efetuadas pelos mais recentes (state of the art) equipamentos controlados por computador?

 

As avaliações dos especialistas são em seguida estendidas ao conjunto dos 702 postos de trabalho considerados, com base numa correlação com outras caraterísticas que lhes servem de indicadores dos obstáculos (bottlenecks) à informatização. Mas esta extrapolação não é legítima, já que só pode estabelecer correlações que, justamente, não dizem nada sobre a proporção de empregos automatizáveis para as 632 categorias (em 702) não submetidas aos “especialistas”.

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A maquinização do trabalhador

 

Vale a pena descrever os obstáculos à automatização identificados por Frey e Osborne. Uma primeira categoria reagrupa as exigências de dexteridade e os constrangimentos ligados à configuração do posto de trabalho. A seguir vem a inteligência criativa, ou seja, a vivacidade intelectual ou as disposições artísticas. Mas a última categoria, batizada de “inteligência social”, dá um arrepio na espinha e merece ser tratada com mais detalhe. Eis aqui, pois, segundo Frey e Osborne, os outros obstáculos à informatização:

– a perspicácia social, que consiste em compreender as reações dos outros e as razões desses comportamentos;

 

– a negociação ou, dito de outra forma, o facto de procurar conciliar os pontos de vista diferentes;

 

– a persuasão, que permite levar os outros a mudar de ponto de vista ou de comportamento;

 

– a preocupação com os outros (colegas, clientes, pacientes), na forma de assistência pessoal, de cuidados médicos ou outros, bem como de apoio emocional.

 

Esta enumeração permite compreender até que ponto a automatização dos processos de produção está concebida como uma “maquinização” dos trabalhadores. O obstáculo a erradicar são as disposições – pura e simplesmente humanas – que constituem o coletivo de trabalho e que permitem que se estabeleçam relações sociais entre produtores e utilizadores. O ideal, típico do capitalismo, consiste no fundo em levar ao paroxismo a reificação das relações sociais, que transforma as relações entre seres humanos em relações entre mercadorias.

 

Ganhos de produtividade e duração do trabalho

 

A ideia, muito difundida, segundo a qual ganhos muito elevados de produtividade seriam a causa do desemprego e anunciariam o fim do trabalho está hoje completamente desmentida. Os ganhos de produtividade eram muito elevados durante o período dos “Trinta Gloriosos” (1945-75), caracterizado por um quase pleno emprego. E a escalada do desemprego é concomitante com o esgotamento dos ganhos de produtividade.

 

Admitamos até que seja credível a ameaça de destruições massivas de emprego e imaginemos uma sociedade que, por um golpe de varinha mágica, teria apenas necessidade de metade do tempo de trabalho necessário, para assegurar o mesmo nível de vida. Esta sociedade poderia decidir que metade dos produtores continue a trabalhar tanto como antes e que a outra metade seja “dispensada” do trabalho, beneficiando de um rendimento. Mas poderia também aproveitar-se do maná tecnológico para dividir por metade o tempo de trabalho de cada um(a).

 

Deixemos de lado a fábula e olhemos para o que se passou no século XX: nesse período, a produtividade horária do trabalho multiplicou-se por 13,6 e a duração do tempo de trabalho caiu 44%. Resumindo, trabalhamos a meio tempo em relação aos nossos bisavós e, caso assim não fosse, o desemprego teria alcançado níveis insuportáveis.

 

Isto não se fez “naturalmente”: foram as lutas sociais que asseguraram essa redistribuição dos ganhos de produtividade na forma de redução do tempo de trabalho e não apenas de aumento de salários. A história das lutas sociais ficou marcada pelos combates sobre o tempo de trabalho.

 

E mesmo a OCDE evoca essa possibilidade, sempre em aberto: “mesmo se a necessidade de mão-de-obra é menor, num país em particular, isso pode traduzir-se numa redução do número de horas trabalhadas e não necessariamente por uma quebra no número de empregos, como constataram numerosos países europeus ao longo das últimas décadas” (14).

 

Os limites da automatização capitalista

 

A automatização liga-se às diferentes formas do que agora se chama a economia digital, de que a “uberização” é a manifestação mais mediatizada. Alguns vêm nela uma explicação possível do paradoxo de Solow. Para Charles Bean, ex-economista chefe do Banco de Inglaterra, este paradoxo teria origem especialmente “no facto de que uma parte crescente do consumo se dirige a produtos digitais gratuitos ou financiados por outros meios, como a publicidade. Ainda que os bens virtuais gratuitos tenham claramente valor para os consumidores, estão inteiramente excluídos do PIB, de acordo com as normas estatísticas internacionais. Por conseguinte, as nossas mensurações poderão não estar a levar em conta uma parte crescente da atividade económica” (15).

 

Para corrigir esta tendência, Bean propõe dois métodos: “Podiam usar-se os salários médios para estimar o valor do tempo que as pessoas passam em linha utilizando os produtos digitais gratuitos, ou então corrigir a produção de serviços de telecomunicações para ter em conta o rápido crescimento da Internet”.

 

O professor da London School of Economics comete aqui um erro revelador, confundindo valor de uso e valor de troca. O “valor” que representa para o consumidor a escuta de música em linha representa um valor de uso mas não um valor de troca. É a sociedade do “custo marginal zero” que teoriza Rifkin (16), que talvez não se engane, neste ponto, ao prognosticar a este propósito “o eclipse do capitalismo”.

 

Com efeito, a generalização da economia digital não é forçosamente compatível com a lógica capitalista que é a de produzir e vender mercadorias: estas podem ser completamente virtuais e desmaterializadas, mas devem rentabilizar o capital. Analogamente, a robotização deve não apenas ser rentável, mas também dispôr de saídas. Se verdadeiramente ela devesse conduzir a uma destruição massiva de empregos, colocar-se-ia então a questão de saber a quem vender as mercadorias produzidas pelos robôs.

 

Seria preciso aprofundar estas pistas a fim de atualizar o princípio avançado por Ernest Mandel: “A automatização geral na grande indústria é impossível em regime capitalista. Esperar essa automatização generalizada enquanto não são derrubadas as relações de produção capitalistas é tão inútil como esperar a supressão dessas relações de produção através do mero avanço dessa automatização” (17).

 

Estão em causa a estrutura e o estatuto dos empregos

 

O ponto de vista aqui defendido não questiona a amplitude das transformações induzidas pela economia digital, mas dirige-se às avaliações catastrofistas dos seus efeitos sobre o emprego. No entanto, o conjunto dos estudos disponíveis, incluídos os mais céticos, insistem sobre o impacto dessas mutações sobre a estrutura dos empregos e o seu estatuto.

 

Tomemos o exemplo da Industria 4.0, um projeto desenvolvido na Alemanha para a automatização inteligente das fábricas (smart factories) através da colocação em funcionamento dos “sistemas ciberfísicos” que asseguram uma melhor coordenação e uma maior reatividade dos robôs. Um estudo recente (18) – como outros já citados – considera que os efeitos sobre o emprego global seriam reduzidos. Não podemos cair nas efabulações (story telling) de observadores fascinados por essas mutações tecnológicas, das quais se fazem os profetas.

 

Esse é tipicamente o caso de Bernard Stiegler, que numa breve entrevista que resume bem o seu discurso, afirma que “existem hoje fábricas sem operários: a Mercedes arrancou com uma fábrica que apenas emprega quadros” (19). Ao que um comentador (Christian) responde com este desmentido bem informado: “A Mercedes, uma fábrica sem operários? Gostava bem de saber onde. Engana-se se pensa em Hambarch e na fábrica Smart. É verdade que a cadeia da fábrica é mais restritiva: tudo está subcontratado, ou quase, através da montagem de módulos pelos subcontratados, que, eles, utilizam mão-de-obra. A montagem final destes módulos é feita por alguns operários Smart e todos os quadros desempenham o papel de interface entre estes diferentes interlocutores”.

 

Em contrapartida, estes novos processos de produção induzem transferências importantes de mão-de-obra entre postos de trabalho e setores, orientadas para empregos mais qualificados. Desde há várias décadas, as mutações tecnológicas desempenham já um papel essencial na “tripolarização” dos empregos: os empregos altamente qualificados, de um lado, e os empregos pouco qualificados, por outro, vêm aumentar a sua participação no emprego total. São os empregos intermédios que vêm a sua parte declinar. Este movimento combina-se com a mundialização e as relocalizações da mão-de-obra nos chamados países emergentes (20) e contribui para o aprofundamento das desigualdades no interior da classe assalariada.

 

Segundo uma hipótese otimista, esta evolução poderia ser corrigida mediante uma elevação geral das qualificações, assegurando assim uma recuperação de competitividade que já não estaria baseada nos baixos salários. Mas esta perspetiva não é forçosamente uma via real suscetível de criar empregos em número suficiente e adaptados à estrutura das qualificações.

 

O “colaborativo” contra a classe assalariada

 

É aqui que intervém a economia digital e, em particular, as plataformas que proporcionam pequenos trabalhos a trabalhadores chamados “independentes”: Podemos nomear a AirBnB, BlaBlaCar, Task Rabbit, YoupiJob, Frizbiz ou até o Turc mecânico da Amazon. Esta economia de “partilha”, “colaborativa” ou “para a procura”, exerce um efeito corrosivo sobre as instituições da classe assalariada. Como observa a OCDE na sua síntese já aqui citada (14): “A duração legal do trabalho, o salário mínimo, o subsídio de desemprego, os impostos e as prestações estão sempre baseadas na noção de uma relação clássica e única entre o assalariado e o empregador”.

 

Com o desenvolvimento do trabalho independente, acrescenta a OCDE, “um número crescente de trabalhadores arrisca-se a ficar excluído dos contratos coletivos. Pode também acontecer que não tenham direito às prestações de desemprego e aos regimes de pensões e saúde de que os assalariados beneficiam e que tenham dificuldades para conseguir um crédito. No momento atual, os trabalhadores independentes não têm direito às prestações de desemprego em 19 dos 34 países da OCDE e em 10 países não têm direito às prestações por acidentes de trabalho”.

 

Mas, também aí, as novas tecnologias não têm muito que ver com o assunto. Não existe, com efeito, nenhuma correlação entre o peso do trabalho independente e a parte do emprego situada nos setores de alta tecnologia. A existir, iria mais no sentido contrário, como mostra o gráfico seguinte, retirado de Patrick Artus (21), que sugere que “o desenvolvimento do trabalho independente [poderia] simplesmente servir para contornar a proteção do emprego assalariado”.

 

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A era dos gurus

 

Quais são, no fim de contas, as possibilidades de extensão desta economia “colaborativa” e dos estatutos de trabalho degradado que a acompanham com muita frequência? Para alguns, “nenhum ramo de atividade será poupado” (“aucune filière n’est épargnée”), como reivindica com orgulho The Family, uma “incubadora” de start-up, para quem o emprego, a proteção social, os transportes, as pensões, etc., estão ameaçados pelos “bárbaros” (22).

 

Esta problemática suscitou o aparecimento de profetas e gurus desigualmente inspirados, que funcionam em redes por vezes concorrentes e dão provas de uma grande habilidade para obter subsídios do Estado ou de grandes empresas. Será preciso regressar ao assunto mais em detalhe para mostrar como o fascínio tecnológico dos grandes iniciados serve para difundir uma nova ideologia, segundo a qual o emprego, a classe assalariada, a saúde pública e as reformas contributivas estariam hoje ultrapassados. Segundo dizem, seria inútil e reacionário querer “fazer voltar atrás a roda da história”, em vez de inventar os meios para se adaptar ao movimento impetuoso do progresso tecnológico.

 

Constrói-se assim um discurso multiforme, que exalta a “transversalidade” contra a “verticalidade”, o “nomadismo” contra o “sedentarismo”, a “reforma” contra o “conservadorismo”. Ele impõe à maioria dos seres humanos que se adapte às inevitáveis mudanças e que renuncie a toda a forma solidária de organização social. Insiste na ideia de que “o trabalho acabou” e que a única compensação que se pode querer é um (pequeno) rendimento, no quadro de uma sociedade de apartheid (23). Todas estas previsões têm finalmente como ponto comum exortar os povos a abandonar todo o projeto de controlo sobre o seu próprio destino.

 

 

 

 

 

(*) Michel Husson (n. 1949) é um economista francês, administrador do INSEE (Institut National de la Statistique et des Études Economiques) e pesquisador no IRES (Institut d’Études Economiques et Sociales, ligado aos sindicatos). É conhecido pelos seus trabalhos sobre o emprego. Militou no Parti Socialiste Unifié (PSU) e, entre 1979 e 2007, na Ligue Communiste Révolutionnaire (LCR). É menbro da Fondation Copernic e pertence ao conselho científico do ATTAC. Entre as suas obras contam-se: Les ajustements de l’emploi, Page deux, 1999; Six milliards sur la planète: sommes-nous trop?, Textuel, 2000; Le grand bluff capitaliste, La Dispute, 2001; Les casseurs de l’État social, La Découverte, 2003; Supprimer les licenciements, Syllepse, 2006; Travail flexible, salariés jetables, La Découverte, 2006; Un pur capitalisme, Page Deux, 2008; Le capitalisme en 10 leçons. Petit cours illustré hétérodoxe, Paris, Zones, 2012. Em Portugal está publicado o seu livro Miséria do Capital, Terramar, 1999. O original deste artigo, em francês, foi publicado na revista A l’encontre a 10 de junho de 2016. A versão aqui publicada tomou como base a tradução para língua portuguesa feita por Luís Branco para o esquerda.net a partir da versão castelhana publicada na revista Viento Sur. Repusemos, porém, as notas de rodapé originais.

 

 

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NOTAS:

 

(1) V. Michel Husson, “Stagnation séculaire: le capitalisme embourbé?, A l’encontre, 5 de junho de 2015.

 

(2) Jeremy Rifkin, The End of Work, G. P. Putnam's Sons, New York, 1995; tradução francesa: La Fin du travail, La Découverte, Paris, 1996.

 

(3) Jeremy Rifkin, The European Dream. How Europe’s Vision of the Future Is Quietly Eclipsing the American Dream, 2004; tradução francesa: Le rêve européen: ou comment l'Europe se substitue peu à peu à l'Amérique dans notre imaginaire, 2005.

 

(4) Simon Nora e Alain Minc, L'informatisation de la société, 1978.

 

(5) Jean Gadrey, “Le mythe de la robotisation détruisant des emplois par millions, blog Alternatives économiques, 1-2 de junho de 2015.

 

(6) Alain Minc, www.capitalisme.fr, Grasset, 2000.

 

(7) Robert Solow, “We'd Better Watch Out”, New York Times Book Review, 12 de Julho de 1987.

 

(8) “The productivity puzzle that baffles the world’s economies”, Financial Times, 29 de maio de 2016.

 

(9) Carl B. Frey e Michael A. Osborne, “The future of employment: how susceptible are jobs to computerisation?”, setembro de 2013.

 

(10) Camille Neveux, “Les robots vont-ils tuer la classe moyenne?, Le Journal du Dimanche, 26 de outubro de 2014.

 

(11) Georg Graetz e Guy Michaels, “Robots at Work”, CEPR Discussion Paper 10477, março de 2015.

 

(12) David H. Autor, “Why Are There Still So Many Jobs? The History and Future of Workplace”, Journal of Economic Perspectives, vol. 29, n.° 3, 2015.

 

(13) M. Arntz, T. Gregory e U. Zierahn, “The Risk of Automation for Jobs in OECD Countries”, OECD, 2016.

 

(14) OCDE, “Automatisation et travail indépendant dans une économie numérique , maio de 2016.

 

(15) Charles Bean, “Measuring the Value of Free”, Project Syndicate, 3 de maio de 2016.

 

(16) Jeremy Rifkin, La Nouvelle Société au coût marginal zero, Les Liens qui Libèrent, 2014.

 

(17) Ernest Mandel, Le troisième âge du capitalisme, Edition de La Passion, Paris, 1997, p.453.

 

(18) M. I. Wolter, A. Mönnig, M. Hummel et al. (2015), “Industrie 4.0 und die Folgen für Arbeitsmarkt und Wirtschaft”, IAB Forschungsbericht, N.º 8/2015.

 

(19) Bernard Stiegler, “Je propose la mise en place d’un revenu contributif”, LeMonde.fr, 11 de março de 2016.

 

(20) Michel Husson, “La formation d’une classe ouvrière mondiale”, note hussonet n.° 64, 2013.

 

(21) Patrick Artus, “Les travailleurs indépendants : évolution normale du marché du travail avec le numérique ou contournement de la protection de l’emploi salarié?”, 7 de junho de 2016.

 

(22) TheFamily, “Les barbares attaquent”.

 

(23) Benjamin Dessus, “Revenu universel: le risque d’apartheid”, AlterEcoPlus, 27, maio de 2016.