|
A ilusão do metacontrole imperial do caosA mutação do sistema de intervenção militar dos Estados UnidosJorge Beinstein (*)
"As Ilusões desesperadas geram vida em tuas veias" St. Vulestry
"As pessoas acreditam que as soluções decorrem da sua capacidade de estudar sensatamente a realidade perceptível. Na realidade, o mundo já não funciona assim. Agora somos um império e, quando actuamos, criamos nossa própria realidade. E enquanto tu estás a estudar essa realidade, actuaremos de novo, criando outras realidades que também podes estudar. Somos os actores da história, e a vós, todos vós, só lhes resta estudar o que fazemos". Karl Rove, assessor de George W. Bush, Verão de 2002 (1)
Guerra e economia
Conceitos tais como "keynesianismo militar" ou "economia da guerra permanente" constituem bons pontos de partida para entender o longo ciclo de prosperidade imperial dos Estados Unidos: seu arranque há pouco mais de sete décadas, seu auge e a entrada recente na sua etapa de esgotamento abrindo o processo militarista-decadente actualmente em curso.
Em 1942 Michal Kalecki expunha o esquema básico do que posteriormente ficou conhecido como "keynesianismo militar". Apoiando-se na experiência da economia militarizada da Alemanha nazi, o autor assinalava as resistências das burguesias da Europa e dos Estados Unidos à aplicação de políticas estatais de pleno emprego baseadas em incentivos directos ao sector civil e sua predisposição a favorecê-las quando se orientavam para as actividades militares (2). Mais adiante Kalecki, já em plena Guerra Fria, descrevia as características decisivas do que qualificava como triângulo hegemónico do capitalismo norte-americano que combinava a prosperidade interna com o militarismo descrito como convergência entre gastos militares, manipulação mediáticas da população e altos níveis de emprego (3).
Esta linha de reflexão, à qual aderiram, dentre outros, Harry Magdoff, Paul Baran e Paul Sweezy, colocava tanto o êxito a curto-médio prazo da estratégia de "Manteiga + Canhões" ("Guns and Butter Economy") que fortalecia em simultâneo a coesão social interna dos Estados Unidos e sua presença militar global, como os seus limites e inevitável esgotamento a longo prazo.
Sweezy e Baran prognosticavam (acertadamente) em meados dos anos 1960 que um dos limites decisivos da reprodução do sistema provinha da própria dinâmica tecnológica do keynesianismo militar, pois o refinamento técnico crescente do armamento tendia inevitavelmente a aumentar a produtividade do trabalho reduzindo seus efeitos positivos sobre o emprego e finalmente a cada vez mais custosa corrida armamentista teria efeitos nulos ou inclusive negativos sobre o nível geral de ocupação (4).
É o que se tornou evidente a partir de fins dos anos 1990, quando se iniciou uma nova etapa de gastos militares ascendentes que continua na actualidade, marcando o fim da era do keynesianismo militar. Agora, o desenvolvimento nos EUA da indústria de armas e suas áreas associadas incrementa a despesa pública causando défice orçamental e endividamento, sem contribuir para aumentar em termos líquidos o nível geral de emprego. Na realidade, o seu peso financeiro e a sua radicalização tecnológica contribuem de maneira decisiva para manter altos níveis de desemprego e um crescimento económico nacional anémico ou negativo, transformando-se assim num catalisador que acelera e aprofunda a crise do império (5).
Por outro lado, os primeiros que se referiam à chamada "economia da guerra permanente" apareceram nos Estados Unidos em princípios dos anos 1940. Tratava-se de uma visão simplificadora que, em geral, subestimava os ritmos e atalhos concretos da história, mas que hoje resulta sumamente útil para compreender o desenvolvimento do militarismo a muito longo prazo.
Em 1944 Walter Oakes definia uma nova fase do capitalismo onde as despesas militares ocupavam uma posição central; não se tratava de um facto conjuntural imposto pela Segunda Guerra Mundial então em curso e sim de uma transformação qualitativa integral do sistema cuja reprodução ampliada universal durante mais de um século havia acabado por gerar massas de excedentes de capital que não encontravam nas potências centrais espaços de aplicação na economia civil produtora de bens e serviços de consumo e produção.
A experiência dos anos 1930, como demonstrava Oakes, assinalava que nem as obras públicas do New Deal de Roosevelt nos EUA, nem a construção de auto-estradas na Alemanha, haviam conseguido uma recuperação significativa da economia e do emprego: só a colocação em marcha da economia de guerra, primeiro na Alemanha e a partir de 1940 nos EUA, havia conseguido os referidos objectivos (6). No caso alemão a corrida armamentista terminou com uma derrota catastrófica, no caso norte-americano a vitória não levou à redução do sistema militar-industrial e sim à sua expansão.
Ao reduzirem-se os efeitos da guerra, a economia dos EUA começou a arrefecer e o perigo de recessão manifestou-se, mas o início da Guerra Fria e a seguir a guerra da Coreia (1950) afastaram o fantasma abrindo um novo ciclo de gastos militares. Em Outubro de 1949 o professor da Universidade de Harvard Summer Slichter, de grande prestígio naquele momento, assinalava perante uma convenção de banqueiros: "[A Guerra Fria] incrementa a procura de bens, ajuda a manter um alto nível de emprego, acelera o progresso tecnológico, tudo o qual melhora o nível de vida no nosso país... em consequência deveríamos agradecer aos russos pela sua contribuição para que o capitalismo funcione melhor do que nunca nos Estados Unidos". Em 1954 surgia a seguinte afirmação na revista U.S. News & World Report: "Que significa para o mundo dos negócios a Bomba H?: um longo período de grandes vendas que serão aumentadas nos próximos anos. Poderíamos concluir com esta afirmação: a bomba H lançou a recessão pela janela" (7).
Como assinalava em princípios dos anos 1950 T. N. Vance, um dos teóricos da "economia da guerra permanente", os Estados Unidos haviam entrado numa sucessão de guerra que definiam de maneira irreversível as grandes orientações da sociedade e depois da guerra da Coreia só cabia esperar novas guerras (8). No seu texto fundador da teoria, Walter Oakes fazia dois prognósticos decisivos: a inevitabilidade de uma terceira guerra mundial que situava em 1960 e o empobrecimento dos trabalhadores norte-americanos desde fins dos anos 1940, provocado pela dinâmica da concentração de rendimentos estimulada pelo complexo militar-industrial (9). Podemos em princípio considerar incorrectos os referidos prognósticos. Não houve a terceira guerra mundial ainda que se haja consolidado a Guerra Fria, que manteve a onda militarista durante mais de quatro décadas, atravessada por duas grandes guerras regionais (Coreia e Vietname) e uma densa série de pequenas e médias intervenções imperiais directas e indirectas. Quando se dissipou a Guerra Fria, a seguir a um breve interregno nos anos 1990 a guerra universal do Império prosseguiu contra novos "inimigos" que justificavam seu desenvolvimento ("guerras humanitárias", "guerra global contra o terrorismo", etc): a oferta de serviços militares, o "aparelho militarista" e as áreas associadas ao mesmo criavam, inventavam, a sua própria procura.
Tão pouco precipitou-se o empobrecimento das classes baixas dos Estados Unidos; pelo contrário, a redistribuição keynesiana manteve-se até os anos 1970, o nível de vida dos trabalhadores e das classes médias melhorou substancialmente, funcionou a interacção positiva entre militarismo e prosperidade geral. Para isso contribuíram vários factores, dentre eles a exploração da periferia ampliada graças à emergência dos Estados Unidos como super-potência mundial alavancada pelo seu aparelho militar, o restabelecimento das potências capitalistas afectadas pela guerra (Japão, Europa Ocidental) que na nova era encontravam-se estreitamente associadas aos EUA e o enorme efeito multiplicador a nível interno dos gastos militares sobre o consumo, o emprego e a inovação tecnológica. Alguns destes factores, subestimados por Oakes, haviam sido assinalados em meados dos anos 1960 por Sweezy e Baran (10). Contudo, a chegada de Ronald Reagan à Casa Branca (1980) marcou uma ruptura na tendência (ainda que já nos anos 1970 haviam surgido os primeiros sintomas da enfermidade) e iniciou-se um processo de concentração de rendimentos que foi avançando cada vez mais rápido nas décadas posteriores.
Entre 1950 e 1980 os 1% mais ricos da população dos Estados Unidos absorviam cerca de 10% do Rendimento Nacional (entre 1968 e 1978 manteve-se abaixo desse número) mas a partir de princípios dos anos 1980 essa participação foi ascendendo, em 1990 chegava a 15% e cerca de 2009 aproximava-se dos 25%. Por sua vez, os 10% mais ricos absorviam 33% do Rendimento Nacional em 1950, mantendo-se sempre abaixo dos 35% até fins dos anos 1970, mas em 1990 já chegava aos 40% e em 2007 aos 50% (11).
O salário horário médio foi ascendendo em termos reais desde os anos 1940 até princípios dos anos 1970 em que começou a descer e, um quarto de século mais tarde, havia baixado em quase 20% (12). A partir da crise de 2007-2008, com o rápido aumento do desemprego, acelerou-se a concentração de rendimentos e a queda salarial: alguns autores utilizam a expressão "implosão salarial" (13). Uma boa expressão da deterioração social é o aumento dos estado-unidenses que recebem bónus de ajuda alimentar ("food stamps"), a referida população indigente chegava a quase 3 milhões em 1969 (em plena prosperidade keynesiana), subiu para 21 milhões em 1980, para 25 milhões em 1995 e para 47 milhões em 2012 (14).
Enquanto isso as despesas militares não cessaram de crescer, impulsionadas por sucessivas ondas belicistas incluídas no primeiro grande ciclo da guerra fria (1946-1991) e no segundo ciclo da "guerra contra o terrorismo" e nas "guerras humanitárias" desde fins dos anos 1990 até o presente (Guerra da Coreia, Guerra do Vietname, "Guerra das Galáxias" da era Reagan, Guerra do Kosovo, Guerras do Iraque e do Afeganistão, etc.). A seguir à Segunda Guerra Mundial podemos estabelecer dois períodos bem diferenciados na relação entre despesas públicas e crescimento económico (e do emprego) nos Estados Unidos. O primeiro abrange o período desde meados dos anos 1940 até fins dos anos 1960 em que os gastos públicos crescem e as taxas de crescimento económico mantêm-se num nível elevado, são os anos dourados do keynesianismo militar. Este é seguido por um período em que os gastos públicos continuam a subir tendencialmente mas as taxas de crescimento económico oscilam em torno de uma linha descendente, assinalando a decadência e o fim do keynesianismo: o efeito multiplicador positivo da despesa pública declina inexoravelmente até chegar ao dilema sem solução, evidente nestes últimos anos de crescimentos económicos anémicos, em que uma redução da despesa estatal teria fortes efeitos recessivos ao passo que o seu incremento possível (cada vez menos possível) não melhora de maneira significativa a situação. Assim como o "êxito" histórico do capitalismo liberal no século XIX produziu as condições da sua crise, o seu superador keynesiano também gerou os factores da sua decadência posterior.
A marcha triunfante do capitalismo liberal terminou com uma gigantesca crise de superprodução e sobreacumulação de captais que desencadeou rivalidades inter-imperialistas, militarismo e explodiu sob a forma de Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A "solução" consistiu na expansão do Estado, em especial sua estrutura militar, no que a Alemanha e o Japão foram os pioneiros.
A transição turbulenta entre o velho e o novo sistema durou cerca de três décadas (1914-1945) e dela emergiram os Estados Unidos como única superpotência capitalista integrando estrategicamente na sua esfera de dominação as outras grandes economias do sistema. O keynesianismo militar norte-americano surgiu então no centro dominante dos Estados Unidos: o centro do mundo capitalista. Vance assinalava que "com o princípio da Segunda Guerra Mundial os EUA e o capitalismo mundial entraram na nova era da Economia da Guerra Permanente" (15). Foi assim se o entendermos como vitória definitiva do novo sistema antecedida por uma complexa etapa preparatória iniciada na segunda década do século XX.
Sua génese é marcada pelo nazismo, primeiro ensaio triunfante-catastrófico de "keynesianismo militar": sua trama ideológica, que leva até o limite mais extremo o delírio da supremacia ocidental, continuar a dar ideias às formas imperialistas mais radicais do Ocidente, como os falcões de George W. Bush ou os sionistas neonazis do século XXI. Por outro lado, estudos rigorosos do fenómeno nazi descobrem não só suas raízes europeias (fascismo italiano, nacionalismo francês, etc.) como também norte-americanas (16). Ainda que logo a seguir à guerra o triunfo da economia militarizada dos EUA tenha assumido um rosto "civil" e "democrático", ocultando os seus fundamentos bélicos.
A decadência do keynesianismo militar encontra uma primeira explicação na sua hipertrofia e integração com um espaço parasitário imperial mais amplo onde a trama financeira ocupa um lugar decisivo. Numa primeira etapa, o aparelho industrial-militar e suas ramificações expandiram-se convertendo a despesa estatal em empregos directos e indirectos, em transferências tecnológicas dinamizadoras do emprego privado, em garantia blindada dos negócios imperialistas externos, etc.. Mas com o correr do tempo, com a ascensão da prosperidade imperial, incentivou e foi incentivada por uma multiplicidade de formas sociais que parasitavam sobre o resto do mundo ao mesmo tempo que ganhavam cada vez maior peso interno.
Além disso, o crescimento económico contínuo acabou por provocar saturações de mercados locais, acumulações crescentes de capital, concentração empresarial e de rendimentos. O capitalismo norte-americano e global encaminhava-se em fins dos anos 1960 para uma grande crise de superprodução que provocou as primeiras perturbações importantes sob a forma de crises monetárias (crise da libra esterlina, fim do padrão dólar-ouro em 1971), a seguir energéticas (choques petrolíferos de 1973-74 e 1979) atravessadas por desajustamentos inflacionários e recessivos ("estagflação").
Nas décadas seguintes a crise não foi superada e sim amortecida, adiada através da super-exploração e do saqueio da periferia, da financiarização, das despesas militares, etc.. Tudo isso não reinstalou o dinamismo do pós guerra mas impediu a derrocada, suavizou a enfermidade agravando-a a longo prazo.
A taxa de crescimento real da economia norte-americana percorrendo de maneira irregular uma linha descendente e, em consequência, suas despesas improdutivas crescentes foram cada vez menos suportadas pela arrecadação tributária. E ao défice fiscal somou-se o défice do comércio externo perpetuado pela perda de competitividade global da indústria.
O império foi-se convertendo num mega parasita mundial, acumulou dívidas públicas e privadas entrando num círculo vicioso já visto em outros impérios decadentes; o parasitismo degrada o parasita, torna-o cada vez mais dependente do resto do mundo, o que exacerba seu intervencionismo global, sua agressividade militar.
O mundo é demasiado grande do ponto de vista dos seus recursos concretos (financeiros, militares, etc) mas o alcançar do objectivo historicamente impossível de dominação global é a sua única possibilidade de salvação como Império. As despesas militares e o parasitismo em geral aumentam, os défices crescem, a economia estanca-se, a estrutura social interna deteriora-se... o que Paul Kennedy definia como "excessiva extensão imperial" (17) é um facto objectivo determinado pelas necessidades imperiais que operam como uma armadilha histórica da qual o Império não pode sair.
Gastos militares
Os gastos militares dos Estados Unidos aparecem subestimados nas estatísticas oficiais. Em 2012 os gastos do Departamento da Defesa chegaram a uns 700 mil milhões de dólares. Se aos mesmo forem adicionados os gastos militares que integrados (diluídos) em outras áreas do Orçamento (Departamento de Estado, USAID, Departamento da Energia, CIA e outras agências de segurança, pagamentos de juros, etc.) chegar-se-ia a um número próximo dos 1,3 milhões de milhões de dólares (18). Esse número equivale a quase 9% do Produto Interno Bruto, a 50% das receitas fiscais previstas, a 100% do défice fiscal.
Esses gastos militares reais representaram quase 60% das despesas militares globais, apesar de que se lhes somarmos os dos seus sócios da NATO e de alguns países vassalos extra-NATO, como a Arábia Saudita, Israel ou Austrália, chegar-se-ia no mínimo a 75% (19). A partir do grande impulso inicial na Segunda Guerra Mundial e da descida no pós guerra imediato, os gastos militares reais norte-americanos oscilaram em torno de uma tendência ascendente atravessando quatro grandes ondas belicistas: a guerra da Coreia em princípio dos anos 1950, a guerra do Vietname desde os anos 1960 até meados dos anos 1970, a "guerra das galáxias" da era Reagan nos anos 1980 e as guerras "humanitárias" e "contra o terrorismo" do pós guerra fria.
O keynesianismo militar do Império ficou no passado, mas a ideia de que guerra externa e prosperidade interna estão associadas continua a dominar o imaginário de vastos sectores sociais dos Estados Unidos, são restos ideológicos sem base real no presente mas úteis para a legitimação das aventuras bélicas.
Néstor Kirchner, ex presidente da Argentina, revelou numa entrevista com o director Oliver Stone, para o seu documentário "South of the Border", que o ex presidente dos Estados Unidos George W. Bush estava convencido de que a guerra era a maneira de fazer crescer a economia do seu país. O encontro entre ambos os presidente verificou-se numa cimeira em Monterrey, México, em Janeiro de 2004, e a versão oficial do presidente argentino é a seguinte: "Eu disse que a solução para os problemas neste momento, disse a Bush, é um Plano Marshall. E ele aborreceu-se. Disse que o Plano Marshall é uma ideia louca dos democratas e que a melhor forma de revitalizar a economia é a guerra. E que os Estados Unidos fortaleceram-se com a guerra" (20).
Recentemente Peter Schiff, presidente da consultora financeira "Euro Pacific Capital" escreveu um texto delirante amplamente difundido pelas publicações especializadas cujo título diz tudo. "Por que não outra Guerra mundial?" (21). Começava o seu artigo assinalando o consenso entre os economistas de que a Segunda Guerra Mundial permitiu aos Estados Unidos superar a Grande Depressão e que se as guerra do Iraque e do Afeganistão não conseguiram reactivar de modo durável a economia norte-americana isso se deve a que "os referidos conflitos são demasiado pequenos para serem economicamente importantes".
Se centrarmos a análise na relação entre gastos militares, PIB e emprego constataremos o seguinte: os gastos militares passaram de US$2800 milhões em 1940 para US$91 mil milhões em 1944 o que impulsionou o PIB nominal de US$101 mil milhões em 1940 para US$214 mil milhões em 1944 (duplicou em apenas quatro anos), a taxa de desemprego baixou apenas de 9% em 1939 para 8% em 1940 mas em 1944 havia caído para 0,7%. O primeiro salto importante nos gastos militares verificou-se entre 1940 e 1941 quando passaram de US$2800 milhões para US$12799 milhões equivalente a 10% do PIB (22), proporção bastante parecida à de 2012 (US$1,3 milhões de milhões, aproximadamente 9% do PIB). Isto significa que o gasto militar de 1944 equivalia a umas sete vezes o de 1941. Se transferirmos esse salto para números actuais isso significa que o gasto militar real dos Estados Unidos deveria chegar em 2015 a uns US$9 milhões de milhões, equivalentes por exemplo a sete vezes o défice orçamental de 2012.
A sucessão de saltos na despesa pública entre 2012 e 2015 acumularia uma gigantesca massa de défice que nem os poupadores norte-americanos nem os do resto do mundo estariam em condições de cobrir com a compra de títulos de dívida de um império enlouquecido. Schiff recorda no seu texto que os poupadores norte-americanos compraram durante a Segunda Guerra Mundial US$186 mil milhões de dólares em títulos da dívida pública equivalente a 75% da totalidade das despesas do governo federal entre 1941 e 1945, concluindo que essa "proeza" é hoje impossível. Simplesmente, explica-nos Schiff levando ao extremo seu raciocínio sinistro, não há onde obter o dinheiro necessário para por em marcha uma estratégia militar reactivadora semelhante à de 1940-45.
Na realidade, essa impossibilidade é muito mais forte. A economia dos EUA de 1940 era dominada por componentes produtivos, principalmente industriais. Actualmente, o consumismo, toda classe de serviços parasitários (a começar pelo emaranhado financeiro), a decadência generalizada da cultura de produção, etc., indicam-nos que nem mesmo aplicando uma injecção de gastos públicos equivalente à de 1940-45 seria possível conseguir uma reactivação dessa envergadura. O parasita é demasiado grande, sua senilidade está muito avançada, não há nenhum remédio keynesiana que o possa curar ou que pelo menos seja capaz de restabelecer uma parte significativa do seu vigor juvenil.
Privatização, informalização e elitização. Lumpen-imperialismo.
A guerra asiática, a mais ambiciosa da história dos Estados Unidos, fracassou tanto do ângulo político-militar como do económico, a estratégia de dominação da faixa territorial que vai desde os Balcãs até o Paquistão passando pela Turquia, Síria, Iraque, Irão e a ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central encontra-se hoje atolada. Contudo, seu desenvolvimento permitiu transformar o dispositivo militar do Império convertendo sua maquinaria de guerra tradicional num sistema flexível a meio caminho entre as estruturas formais regidas pela disciplina militar convencional e as informais agrupando um emaranhado confuso de núcleos operativos oficiais e bandos de mercenários.
O processo de integração de mercenários às operações militares tem antecedentes nos trechos finais da guerra fria, a organização dos "contras" na Nicarágua e dos "mujaidines" no Afeganistão podem ser considerados como os primeiros passos nos anos 1970 e 1980 das novas estratégias de intervenção. Nesses casos dezenas de milhares de mercenários foram treinados, armados e financiados com resultados com êxito para o Império.
Segundo diversos estudos sobre o tema, os Estados Unidos e a Arábia Saudita gastaram uns US$40 mil milhões nas operações afegãs (onde começou a sua carreira internacional o então jovem engenheiro Osama Bin Laden) assestando um golpe decisivo à URSS (23). Outro passo importante foram as guerras étnicas na Jugoslávia durante os anos 1990, onde os Estados Unidos e os seus aliados da NATO, principalmente a Alemanha, desenvolveram uma complexa tarefa de desintegração desse país cujo êxito foi apoiado na utilização de mercenários. O caso mais notório foi o da guerra do Kosovo onde se destacou o "Exército de Libertação do Kosovo" (ELK) cujos integrantes eram recrutados principalmente em redes mafiosas (tráfico de drogas, etc.) sob o comando directo da CIA estendendo suas ligações até o serviço de inteligência do Paquistão (ISI). Actualmente, o "estado" kosovar "independente" aparece vinculado à intervenção da NATO na Síria; em Junho de 2012 o ministro das Relações Exteriores da Rússia exigia a cessação das operações de desestabilização da Síria realizadas a partir do Kosovo (24).
Estas novas práticas de intervenção foram acompanhadas por um denso processo de reflexão dos estrategas imperiais, disparado pela derrota no Vietname. A "Guerra de Baixa Intensidade" foi um dos seus resultados e as teorizações em torno da "Guerra de Quarta Geração (4GW)" consolidaram a nova doutrina em cujo documento fundacional (1989) redigido por William Lind e três membros das forças armadas dos Estados Unidos e publicado no "Marine Corps Gazete" (25) são apagadas as fronteiras entre as áreas civil e militar: toda a sociedade inimiga, em especial a sua identidade cultural, passa a ser o objectivo da guerra.
A nova guerra é definida como descentralizada, pondo a ênfase na utilização de forças militares "não estatais" (ou seja, paramilitares), empregando tácticas de desgaste próprias das guerrilhas, etc.. A isso acrescenta-se o emprego intenso do sistema mediático voltado tanto contra a sociedade inimiga como abrangendo a chamada "opinião pública global" (o povo inimigo é ao mesmo tempo atacado psicologicamente e isolado do mundo) combinado com acções de guerra de alto nível tecnológico. Neste último caso trata-se de aproveitar a gigantesca brecha tecnológica existente entre o império e a periferia para golpeá-la sem perigo de resposta, é o que os especialistas denominam confrontação assimétrica "high-tech/no-tech".
As estatísticas oficiais relativas aos mercenários são em geral confusas e parciais. De qualquer forma, alguns dados provenientes de fontes governamentais, civis ou militares, podem ilustrar-nos acerca da magnitude do fenómeno. Em primeiro lugar a lista do Departamento da Defesa, principal contratador de mercenários, seu orçamento destinado a esses gastos aumentou em cerca de 100% entre 2000 e 2005 empregando modalidades próprias das grandes empresas transnacionais como a terciarização e a relocalização de actividades, o que produziu um gigantesco universo em expansão de negócios privados consagrados à guerra... financiados pelo Estado e geradores de intrincadas teias de corrupções e abusos (26).
O chamado "Comando Central" militar dos Estados Unidos (US CENTCOM) deu a conhecer recentemente alguns dados significativos: os mercenários contratados reconhecidos na área do Médio Oriente – Ásia Central chegariam a uns 137 mil a trabalharem directamente para o Pentágono. Desse total, só uns 40 mil seriam cidadãos norte-americanos. Ainda que, segundo dados do Departamento da Defesa, somando os dados do Afeganistão e Iraque estariam nos terreno uns 175 mil soldados regulares e 190 mil mercenários: 52% do total (27).
A estes números devemos acrescentar em primeiro lugar os mercenários contratados por outras áreas do governo norte-americano, como o Departamento de Estado e a seguir os contratos em zonas do mundo como a África onde o AFRICOM (comando militar norte-americano nesse continente) aumentou exponencialmente suas actividades durante o último quinquénio e a seguir devemos incorporar os mercenários que actuam sob o comando estratégico norte-americanos mas contratados por países vassalos como as petro-monarquias do Golfo Pérsico, visíveis nos casos da Líbia e da Síria.
Também têm de ser incluídos os mercenários que operam em outras regiões da Ásia e na América Latina. Mas a conta não termina aí, uma vez que a esse universo é necessários acrescentar as redes mafiosas e/ou paramilitares agrupando em todos os continente um "pessoal disponível" que se auto-financia graças a actividades ilegais (drogas, prostituição, etc.) protegidas por diversas agências de segurança norte-americanas, como a DEA, ou que integram "agências de segurança privada", muito notórias por exemplo na América Latina, estabelecidas legalmente nos países periféricos e estreitamente vinculadas a agências privadas norte-americanas e/à DEA, à CIA ou outros organismos de inteligência do Império.
E a lista prossegue... Recentemente foi publicada no Washington Post uma investigação relativa à "América ultra secreta" (Top Secret America) das agências de segurança que informa acerca da existência actual de 3202 agências de segurança (1271 públicas e 1931 privadas) empregando umas 854 mil pessoas que trabalham em assuntos de "antiterrorismo", segurança interna e inteligência em geral, instaladas nuns 10 mil domicílios no território dos Estados Unidos (28).
Somando os diferentes números mencionados e estimando dados ocultos alguns peritos adiantam um total aproximado global (dentro e fora do território dos Estados Unidos) próximo ao milhão de pessoas a combaterem na periferia, a fazerem espionagem, desenvolverem manipulações mediáticas, a activarem "redes sociais", etc.. Comparemos esses dados com, por exemplo, as aproximadamente 1,4 milhão de pessoas que formam o sistema militar público do Império.
Pelo seu lado, as tropas regulares sofreram um processo rápido de informalização, de ruptura em relação às normas militares convencionais, formando comandos de intervenção inscritos numa dinâmica abertamente criminosa. É o caso do chamado Comando Conjunto de Operações Especiais (Joint Special Operations Command, JSOC). Comando conjunto secreto em linha de comandos directa com o Presidente e o secretário da Defesa com autoridade para elaborar sua lista de assassinatos, tem a sua própria divisão de inteligência, sua frota de drones e aviões de reconhecimento, seus satélites e inclusive seus grupos de ciber-guerreiros capazes de atacar redes da Internet.
O JSOC dispõe de numerosas unidades operativas. Criado em 1980, ficou enterrado devido ao seu fracasso espectacular no Irão quando tentou resgatar pessoal da embaixada norte-americana em Teerão, mas foi ressuscitado recentemente. Em 2001 dispunha de uns 1800 membros, actualmente chegariam a 25 mil. Nos últimos tempos realizou operações letais no Iraque, Paquistão, Afeganistão, Síria, Líbia e muito provavelmente no México e Colômbia, etc. Trata-se de um agrupamento de "esquadrões da morte" de alcance global, autorizado a realizar toda classe de operações ilegais, desde assassinatos individuais ou maciços até sabotagens, intervenções próprias da guerra psicológica, etc.. Em Setembro de 2003 Donald Rumsfeld havia ditado uma resolução colocando a JSOC no centro da estratégia "antiterrorista" global e desde então sua importância tem crescido, passando hoje a ser, sob a presidência do prémio nobel da paz Barack Obama, uma espécie de exército clandestino de claro perfil criminoso sob as ordens directas do Presidente (29).
As forças de intervenção dos Estados Unidos têm agora um viés claramente privado-clandestino, em plena "Guerra de Quarta Geração" funcionam cada vez mais à margem dos códigos militares e das convenções internacionais. Um artigo recente de Andrew Bacevich descreve as etapas dessa mutação durante a década passada que culminam actualmente no que o autor denomina "era Wickers" (actual subsecretário de inteligência do Departamento da Defesa) focalizado na eliminação física de "inimigos", na utilização dominante de mercenários, de campanhas mediáticas, redes sociais, tudo isso destinado a desestruturar organizações e sociedades consideradas hostis. Em princípios do ano passado, a então secretária de Estado Hillary Clinton pronunciou uma frase que não exige maiores explicações: "Os Estados Unidos reservam-se o direito de atacar em qualquer lugar do mundo todo aquele que for considerado uma ameaça directa para a sua segurança nacional" (30).
Se a esta orientação mercenária-gangsteril do Império somarmos outros aspectos como a financiarização integral da sua economia dominada pelo curto-prazismo, sua desintegração social interna com acumulação acelerada de marginais, com uma população total que representa 5% da mundial mas com uma massa de presos equivalentes a 25% do total de pessoas encarceradas no planeta, etc., chegaremos à conclusão de que estamos na presença de uma espécie de lumpen imperialismo completamente dominado por interesses parasitários e embarcado numa lógica destrutiva do seu ambiente que, ao mesmo tempo, vai degradando as suas bases de sustentação interna (31).
A ilusão do metacontrole do caos
Poderíamos estabelecer uma convergência entre a hipótese da "economia de guerra permanente" e a do "keynesianismo militar". Este último exprimiu a primeira etapa do fenómeno (aproximadamente entre 1940 e 1970). Foram os anos da prosperidade imperial cujos últimos êxitos, já misturados com claros sintomas de crise, prolongaram-se até o fim da guerra fria. A essa etapa florescente segue-se uma segunda pós keynesiana, caracterizada pela dominação financeira, pela concentração de rendimentos, pelo desinchar salarial, pela marginalização social e pela degradação cultural em geral, em que o aparelho militar opera como um acelerador da decadência provocando défices orçamentais e endividamentos públicos.
A opção pela privatização da guerra surge como uma resposta "eficaz" ao declínio do espírito de combate da população (dificuldades crescentes no recrutamento forçado de cidadãos a partir da derrota do Vietname). Contudo, a substituição do cidadão-soldado pelo soldado-mercenário ou a presença decisiva deste último termina tarde ou cedo por provocar danos graves no funcionamento das estruturas militares: não é o mesmo administrar cidadãos normais ou uma massa de delinquentes.
Quando o lumpen, os bandidos, predominam num exército, o mesmo converte-se num exército de bandidos e um exército de bandidos já não é um exército. O potencial desagregador dos mercenários é, a longo prazo, de controle quase impossível e seus fracassos no combate não podem ser compensados senão muito parcialmente por dispositivos tecnológicos sumamente custosos e de resultado incerto.
A formação de forças clandestinas não-mercenárias de elite, apoiadas por um aparelho tecnológico refinado capaz de efectuar golpes pontuais demolidores contra o inimigo, como é o caso do JSOC, são bons instrumentos terroristas mas não substituem as funções de um exército de ocupação e, a médio prazo (muitas vezes a curto prazo), terminam por fortalecer o espírito de resistência do inimigo.
Poderíamos sintetizar de maneira caricatural a nova estratégia militar do Império a partir do predomínio de diversas formas de "guerra informal" combinando mercenários (muitos mercenários) com esquadrões da morte (tipo JSOC), bombardeamentos maciços, drones, controle mediático global, assassinatos tecnologicamente refinados de dirigentes periféricos. A guerra elitiza-se, transforma-se num conjunto de operações mafiosas, afasta-se fisicamente da população norte-americana e a sua cúpula dominante começa a percebê-la como um jogo virtual dirigido por gangsters.
Por outro lado, a adopção de estruturas mercenárias e clandestinas de intervenção externa como forma dominante tem efeitos contraproducentes para o sistema institucional do império tanto do ponto de vista do controle administrativo das operações como das modificações (e da degradação) nas relações internas de poder. O comportamento de gangsters, a mentalidade mafiosa, acaba poder apoderar-se dos altos comandos civis e militares e traduz-se a princípio em acções externas, periféricas, e mais adiante (rapidamente) em ajustes de contas, em condutas habituais no interior do sistema de poder.
O horizonte objectivo (para além dos discursos e convicções oficiais) da "nova estratégia" não é o estabelecimento de regimes vassalos sólidos, nem a instalação de ocupações militares duradouras controlando territórios de maneira directa e sim, antes, desestabilizar, quebrar estruturas sociais, identidades culturais, degradar ou eliminar dirigentes. As experiências do Iraque, Afeganistão, México e, mais recentemente, as da Líbia e da Síria confirmam esta hipótese.
Trata-se da estratégia do caos periférico, da transformação de nações e regiões mais amplas em áreas desintegradas, balcanizadas, com estados-fantasmas, classes sociais (altas, médias e baixas) profundamente degradadas sem capacidade de defesa, de resistência perante os poderes políticos e económicos do Ocidente que poderiam assim depredar impunemente seus recursos naturais, mercados e recursos humanos (residuais).
Este imperialismo tanático do século XXI tem correspondência com tendências desintegradoras nas sociedades capitalistas dominantes, em primeiro lugar a dos Estados Unidos. Essas economias perderam seu potencial de crescimento, em fins de 2012, a seguir a um quinquénio de crise financeira, oscilavam entre o crescimento anémico (EUA), o estancamento virando-se para a recessão (UE) e a contracção produtiva (Japão).
Os estados, as empresas e os consumidores estão esmagados pelas dívidas. A soma de dívidas públicas e privadas representa mais de 500% do PIB no Japão e na Inglaterra e mais de 300% na Alemanha, França e nos Estados Unidos, onde o governo federal esteve em 2011 à beira do incumprimento. E por cima de dívidas e sistemas produtivos financiarizados existe uma massa financeira global equivalente a vinte vezes o Produto Bruto Mundial, motor dinamizador, droga indispensável do sistema que deixou de crescer há aproximadamente cinco anos e cujo desinchar os governos das potências centrais tentam impedir.
Apresenta-se então a ilusão de uma espécie de metacontrole estratégico a partir das grandes alturas, a partir das cimeiras do Ocidente sobre as terras baixas, periféricas, onde pululam milhares de milhões de seres humanos cujas identidades culturais e instituições são vistas como obstáculos à depredação. As elites do Ocidente, o império colectivo hegemonizado pelos Estados Unidos, estão cada dia mais convencidas de que a referida depredação prolongará o seu envelhecimento, afastará o fantasma da morte.
O caos periférico surge ao mesmo tempo como o resultado concreto das suas intervenções militares e financeiras (produto da reprodução decadente das suas sociedades) e como a base de depredações ferozes. O gigante imperial procura beneficiar-se do caos mas acaba por introduzir o caos entre as suas próprias fileiras, a destruição desejada da periferia não é outra coisa senão a auto-destruição do capitalismo como sistema global, sua perda veloz de racionalidade. A fantasia acerca do metacontrole imperialista do caos periférico exprime uma profunda crise de percepção, a crença de que os desejos do poderoso convertem-se facilmente em factos reais, o virtual e o real confundem-se formando um enorme pântano psicológico.
Na realidade, a "estratégia" de metacontrole imperial do caos, suas formas operativas concretas, convertem-na num emaranhado de tácticas que tendem a formar uma massa cada vez mais incoerente, prisioneira do curto prazo. O que se pretende converter na nova doutrina militar, num pensamento estratégico inovador que responde à realidade global actual facilitando a dominação imperialista do mundo não é outra coisa senão uma ilusão desesperada gerada pela dinâmica da decadência. Sob a aparência de ofensiva estratégica, irrompem as bofetadas historicamente defensivas de um sistema cuja cúpula imperial vai perdendo a capacidade de apreensão da totalidade real, a razão de estado vai-se convertendo num delírio criminoso extremamente perigoso dado o gigantismo tecnológico dos Estados Unidos e seus sócios europeus.
(*) Jorge Beinstein é doutor de Estado en Ciências Económicas (Universidad de Franche Comté – Besançon, França) e especialista em prognósticos económicos. Durante os últimos vinte e cinco anos foi consultor de organismos internacionais e governos, dirigiu numerosos programas de investigação e foi titular de cátedras de Economia Internacional e Prospectiva tanto na Europa como na América Latina. Atualmente é professor catedrático de “Globalização e Crises” nas universidades de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, e de La Habana, em Cuba. É autor de ‘Capitalismo senil: a grande crise da economia global’, publicado no Brasil pela editora Record (2001). Dirige o Instituto de Pesquisa Científica da Universidade da Bacia do Prata e publica regularmente em Le Monde Diplomatique (em espanhol). Este texto provém de uma conferência pronunciada no Seminário "Nuestra América y Estados Unidos: desafíos del Siglo XXI" na Facultad de Ciencias Económicas de la Universidad Central del Ecuador, Quito, em 30 e 31 de janeiro de 2013. O original encontra-se disponível em linha no excelente portal Marxismo Crítico. Esta tradução para a língua portuguesa foi publicada no boletim resistir.
______________ NOTAS:
(1) Ron Suskind, "Without a doubt: faith, certainty and the presidency of George W. Bush", The New York Times, 17-10-04.
(2) Sua exposição desenvolvida na Marshall Society (Cambridge) na Primavera de 1942 foi publicada no ano seguinte. Michal Kalecki, "Political Aspects of Full Unemployment", Political Quaterly, V 14, oct.-dec. 1943.
(3) Michal Kalecki, The Last Phase in the transformation of Capitalism, Monthly Review Press, Nova York, 1972.
(4) Paul Sweezy & Paul Baran, Monopoly Capital, Monthly Review Press, Nova York, 1966.
(5) Scoot B. MacDonald, "Globalization and the End of the Guns and Butter Economy", KWR Special Report, 2007.
(6) Oakes, Walter J., "Towards a Permanent War Economy?", Politics, February 1944.
(7) Ambas as citações aparecem no texto de John Bellamy Foster, Hannah Holleman e Robert W. McChesney, "The U.S. Imperial Triangle and Military Spending", Monthly Review, October 2008.
(8) Vance, T. N. 1950, "After Korea What? An Economic Interpretation of U.S. Perspectives", New International, November–December; Vance, T. N. 1951, "The Permanent Arms Economy", New International.
(9) Oakes, Walter J., artigo citado.
(10) Paul Sweezy & Paul Baran, livro citado.
(11) Thomas Piketty & Emmanuel Saez, "Top Incomes and the Great Recession: Recent Evolutions and Policy Implications", 13th Jacques Polak Annual Research Conference, Washington, DC-November 8–9, 2012.
(12) Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics.
(13) Lawrence, Mishel and Heidi, "The Wage Implosion", Economic Policy Institute, June 3, 2009.
(14) FRAC, Food Research and Action Center - SNAP/SNAP/Food Stamp Participation.
(15) Vance T. N., "The Permanent War Economy", New International, Vol. 17, Nº 1, January-February 1951.
(16) Doménico Losurdo, "Las raices norteamericanas del nazismo", Enfoques Alternativos, nº 27, Octubre de 2006, Buenos Aires. Disponível em versão traduzida para a língua portuguesa.
(17) Paul Kennedy, Auge y caída de las grandes potencias, Plaza & James, Barcelona, 1989.
(18) Chris Hellman, "$ 1,2 Trillon: The Real U.S. National Security Budget No One Wants You to Know About", Alert Net, March 1, 2011.
(19) Fontes: SIPRI, Banco Mundial e cálculos próprios.
(20) O video da entrevista Nestor Kirchner-Oliver Stone está disponível em linha, publicado pelo sítio Informed Comment de Juan Cole.
(21) Peter D. Schiff, "Why Not Another World War ?", Financial Sense, 19 Julho 2010.
(22) Vance T. N, 1950, artigo citado em (14).
(23) Dilip Hiro, "The Cost of an Afghan 'Victory'", The Nation, 1999 February 15.
(24) "Una delegación de la oposición siria viajó a Kosovo, en abril de 2012, para la firma oficial de un acuerdo de intercambio de experiencias en materia de guerrilla antigubernamental". Red Voltaire, "Protesta Rusia contra entrenamiento de provocadores sirios en Kosovo", 6 de Junho de 2012.
(25) William S. Lind, Colonel Keith Nightengale (USA), Captain John F. Schmitt (USMC), Colonel Joseph W. Sutton (USA), and Lieutenant Colonel Gary I. Wilson (USMCR), "The Changing Face of War: Into the Fourth Generation", Marine Corps Gazette, October 1989.
(26) David Isenberg, "Contractors and the US Military Empire", Rise of the Right, Aug 14th, 2012.
(27) David Isenberg, "Contractors in War Zones: Not Exactly "Contracting", TIME U. S., Oct. 09, 2012.
(28) Dana Priest and William M. Arkin, "Top Secret America. A hidden world, growing beyond control", Washington Post, July 19, 2010.
(29) Dana Priest and William M. Arkin, "Top Secret America, A look at the military's Joint Special Operations Command", The Washington Post, September 2, 2011.
(30) Andrew Bacevich, "Uncle Sam, Global Gangster", TomDispatch.com, February 19, 2012.
(31) Narciso. Isa Conde, "Estados neoliberales y delincuentes", Aporrea, 20/01/2008. Karen DeYoung and Karin Brulliard, "As U.S.-Pakistani relations sink, nations try to figure out 'a new normal'", The Washington Post / National Security, January 16, 2012.
|
||||
|
|||||